São Paulo – A Alphabet, controladora do Google, informou ter executado o algoritmo “Quantum Echoes” em seu chip de computação quântica Willow, alcançando desempenho 13 mil vezes superior ao do supercomputador mais poderoso do mundo e com resultados passíveis de verificação em outros processadores quânticos.
O trabalho foi detalhado nesta quarta-feira (22) na revista científica Nature. Segundo a companhia, a possibilidade de repetir o experimento em plataformas semelhantes representa um passo decisivo para que aplicações práticas da tecnologia cheguem ao mercado em até cinco anos.
“O ponto-chave da verificabilidade é que ela nos coloca mais perto de um uso no mundo real”, declarou Tom OBrien, cientista do Google Quantum AI que liderou o estudo.
Após o anúncio, os papéis da Alphabet avançaram até 2,4% nas negociações desta quarta em Nova York. O resultado reforça a disputa com Microsoft, IBM e diversas startups pelo domínio da computação quântica.
Em dezembro, o mesmo chip Willow já havia resolvido, em cinco minutos, um problema que demandaria 10 septilhões de anos para ser concluído por um supercomputador clássico.
Computadores quânticos executam operações em paralelo, em vez de sequencialmente, graças aos qubits – unidades de informação que podem representar múltiplos estados simultaneamente. Embora o setor tenha demonstrado velocidade superior à da computação convencional, a busca por usos práticos continua sendo o principal desafio.
Imagem: redir.folha.com.br
Scott Aaronson, cientista da computação da Universidade do Texas em Austin que não participou do estudo, classificou o avanço como “empolgante” por ser reproduzível, mas destacou que a falta de tolerância a falhas em grande escala ainda limita a adoção comercial.
Em um artigo colaborativo ainda não revisado por pares, pesquisadores mostraram que o “Quantum Echoes” pode calcular distâncias entre átomos para analisar estruturas moleculares. O método tem potencial para acelerar a descoberta de fármacos e o desenvolvimento de novos materiais, incluindo baterias, mas exigiria máquinas quânticas cerca de 10 mil vezes maiores que as atuais.
A equipe responsável pelo Willow conta com o prêmio Nobel de Física de 2025, Michel H. Devoret, e pretende ampliar a escala e a precisão dos sistemas nas próximas fases do projeto.