Stuttgart (Alemanha) – A Porsche vai reduzir o ritmo de fabricação de veículos elétricos e voltar a investir em modelos a gasolina a partir de janeiro, quando Michael Leiters assume o comando da montadora alemã.
Leiters, ex-diretor executivo da McLaren e ex-diretor de tecnologia da Ferrari, declarou no fim do ano passado que a propulsão elétrica “ainda não está pronta” para esportivos de luxo, citando menor emoção ao dirigir e desvalorização mais rápida.
A mudança ocorre após sucessivos alertas de lucro. As ações da Porsche caíram quase 66% desde o pico de maio de 2023. Em setembro, a empresa revisou a projeção de margem operacional para 2025 para 0% a 2%, ante 14% no ano anterior. A meta de médio prazo foi fixada entre 10% e 15%.
Embora represente só 3,6% das entregas do Grupo Volkswagen, a Porsche respondeu por cerca de 30% do lucro operacional do conglomerado nos últimos três anos.
A demanda por elétricos ficou aquém das expectativas: apenas 12,7% das unidades vendidas em 2024 eram movidas a bateria. Em consequência, a empresa cancelou o projeto de um novo SUV elétrico, registrando perda de € 1,8 bilhão em custos de desenvolvimento.
Agora, a montadora tenta retomar versões a gasolina ou híbridas dos modelos Macan e Cayman, cujos sucessores totalmente elétricos estavam nos planos.
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Na China, principal destino dos esportivos, as vendas caíram quase 40% entre 2022 e 2024 diante do avanço de concorrentes locais. Nos Estados Unidos, tarifas recentes impostas pelo governo Donald Trump incidem sobre todos os veículos da marca, que não possui fábrica no país e depende de importações europeias.
Para enfrentar a queda de receitas, a Porsche planeja eliminar 3.900 postos de trabalho até 2029 — aproximadamente 9% de sua força total — e negocia novas reduções de custos com sindicatos.
Problemas de software atrasaram lançamentos elétricos. Segundo Sajjad Khan, responsável por TI e software no conselho da Porsche, a qualidade dos sistemas deve melhorar em 2026 e 2027. “Precisamos executar perfeitamente”, afirmou.
Analistas alertam que o retorno ao foco em motores a combustão pode comprometer a posição da marca no mercado de veículos elétricos premium no longo prazo.