Nova York, 02 ago. — Papéis de empresas norte-americanas do setor de criptoativos recuaram com força nesta sexta-feira (2), acompanhando a aversão global a risco após dados econômicos fracos e a volta do debate sobre tarifas comerciais.
As ações da Coinbase (COIN), da mineradora Riot Platforms (RIOT) e da CleanSpark (CLSK) registraram perdas entre 7% e 16% no pregão. O movimento refletiu o mau humor em Wall Street: o Dow Jones Industrial Average cedia mais de 600 pontos, enquanto o S&P 500 caía 1,6% e o Nasdaq Composite recuava mais de 2% no início da sessão.
O recuo da Coinbase se intensificou após a divulgação, na noite de quinta-feira (1º), dos resultados do segundo trimestre. A exchange reportou receita de US$ 1,5 bilhão, mas mostrou queda nos volumes de negociação. O lucro líquido foi de US$ 1,4 bilhão; sem ganhos de investimentos, o número cai para US$ 33 milhões.
A Riot Platforms também ficou no vermelho, mesmo apresentando desempenho acima das expectativas. A mineradora mais que dobrou a receita, para US$ 153 milhões, sendo US$ 85,1 milhões provenientes da mineração de Bitcoin (BTC). O lucro por ação foi de US$ 0,98, ante projeção de perda de US$ 0,21.
A CleanSpark, que divulgou balanço pela última vez em maio — quando apontou alta anual de 62,5% na receita do segundo trimestre fiscal — caiu sem notícias corporativas relevantes, seguindo a tendência de venda nos ativos de risco.
Os papéis ligados a criptoativos foram penalizados pela retração do próprio Bitcoin. A principal criptomoeda recuou para menos de US$ 115.000, distante dos picos de quase US$ 120.000 alcançados no início da semana, intensificando a percepção de que esses títulos funcionam como apostas alavancadas no preço do BTC.
Imagem: Trader Iniciante 2 (9)
O humor dos investidores piorou após o relatório de folhas de pagamento não agrícolas dos Estados Unidos apontar criação de apenas 73 mil vagas em julho, abaixo da estimativa de 100 mil apurada pela Dow Jones. A leitura reforçou a expectativa de cortes de juros: a ferramenta FedWatch, da CME, atribui 80% de probabilidade de redução na reunião de setembro. O cenário, porém, é dificultado pela inflação persistente, com o núcleo do índice PCE acima do previsto em junho.
Paralelamente, o governo do presidente Donald Trump reacendeu preocupações sobre uma guerra comercial. A Casa Branca publicou novas alíquotas de 10% a 41% às vésperas do prazo de 1º de agosto para o acordo comercial, incluindo tarifa de 40% sobre produtos redirecionados para driblar tributos já existentes.
“Para nós, o dado de hoje é simplesmente notícia ruim em estado puro”, avaliou Jeffrey Schulze, estrategista da ClearBridge Investments, ao comentar o relatório de empregos. Segundo ele, a combinação de fraqueza no mercado de trabalho e aumento de tarifas pode levar a uma contração da atividade nos próximos meses.
Com informações de Cointelegraph