O Ministério dos Transportes (MT) definiu uma engenharia financeira que destinará R$ 4,1 bilhões para a construção da EF-118, ferrovia de 577 km que ligará o Espírito Santo ao Rio de Janeiro. O dinheiro virá de três concessões já renovadas: MRS Logística, Rumo Malha Paulista e Vale, por meio da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM).
Do total previsto, R$ 2,8 bilhões serão aportados pela MRS, R$ 502,5 milhões pela Rumo e R$ 826 milhões pela Vale. Os valores ficarão reunidos em uma “conta vinculada”, evitando o repasse ao Tesouro Nacional e garantindo que os recursos permaneçam no setor ferroviário, especificamente na EF-118, também chamada de Anel Ferroviário do Sudeste.
Os repasses ocorrerão ao longo da execução das obras, de acordo com o avanço físico do empreendimento. Em valor presente, o montante de R$ 4,1 bilhões corresponde a aproximadamente R$ 1,8 bilhão, segundo cálculos da pasta.
O investimento público se concentrará em um segmento de 246 km entre São João da Barra (RJ), onde está o Porto do Açu, e Santa Leopoldina (ES). Este trecho, considerado o mais complexo em termos de engenharia — com áreas de serra, túneis e viadutos —, tem custo estimado em cerca de R$ 25 milhões por quilômetro, valor cinco vezes superior ao de seções mais simples.
Sem apoio estatal, o governo avalia que a receita futura de transporte de cargas não seria suficiente para atrair capital privado, tornando a ligação inicial até o porto indispensável para a viabilidade de todo o corredor ferroviário.
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A empresa vencedora poderá, ainda, construir um prolongamento de 325 km do Porto do Açu até Nova Iguaçu (RJ), onde a linha se conectará à malha da MRS que chega ao Porto de Santos (SP). A execução desse trecho adicional dependerá de “gatilhos de demanda” a serem definidos pelo poder público, o que poderá acarretar reequilíbrio financeiro do contrato.
O edital de concessão será encaminhado nos próximos dias ao Tribunal de Contas da União (TCU). Após a análise, o governo planeja publicar o documento no início do próximo ano e realizar o leilão no primeiro semestre de 2026. Tanto o MT quanto o TCU preferem não comentar detalhes enquanto a proposta permanece sob exame.
Diferentemente de licitações anteriores, o futuro concessionário não precisará adquirir trens ou locomotivas. A ferrovia funcionará em regime de “open access”, no qual a concessionária administra a infraestrutura e cobra pedágio ferroviário de terceiros interessados em utilizar a via.