As recibos de ações do Bradesco (BBDC4) negociados em Nova York recuaram mais de 6% no after-market desta quarta-feira (29), logo após a divulgação do resultado do terceiro trimestre.
Por volta das 19h52, a perda era menor, de 1,99%. O forte ajuste ocorre depois de uma semana de alta de aproximadamente 3% nos papéis, impulsionada pela expectativa de números acima do consenso.
O banco apresentou lucro líquido de R$ 6,2 bilhões no período. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) ficou em 14,7%, avanço de 2,3 pontos percentuais em 12 meses, mas apenas 0,1 ponto acima do trimestre anterior. A média de quatro analistas consultados apontava para ROE de 14,85%.
Para Hugo Queiroz, gestor da L4 Capital, a operação do Bradesco mostra melhora em margem financeira e controle de despesas, mas houve leve deterioração no risco de crédito, o que manteve o ROE estável. “Era para continuar subindo, mas o mercado já tinha precificado”, afirma.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, destaca a desaceleração do lucro como principal fator de cautela. As provisões para devedores duvidosos (PDD) subiram 20% em relação ao ano anterior e 5,1% frente ao segundo trimestre, totalizando R$ 8,5 bilhões, impacto maior em segmentos como agronegócio.
Imagem: Renan Dantas via moneytimes.com.br
Segundo Lima, investidores estrangeiros priorizam instituições com rentabilidade estável e baixa inadimplência. Sinais de maior risco de crédito ou de menor ritmo de crescimento do lucro enfraquecem a tese de recuperação gradual e pressionam a liquidez internacional dos ativos.
Apesar da reação inicial negativa, gestores consultados avaliam que o resultado não compromete a trajetória de recuperação, mas pode gerar realização de lucros no curto prazo.