O banqueiro André Esteves, fundador e presidente do conselho de administração do BTG Pactual, afirmou que o Bolsa Família é fundamental para a política social brasileira, mas avalia que o programa ganhou uma dimensão incompatível com o tamanho da economia do país.
“Sou defensor do Bolsa Família desde a concepção. É importantíssimo, mas cresceu demais, ficou maior que França, Noruega e Suécia, incompatível com a falta de mão de obra”, declarou durante evento do Milken Institute, realizado em São Paulo nesta segunda-feira (10).
O executivo defendeu a necessidade de um ajuste fiscal equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para permitir que a taxa básica de juros volte a níveis de um dígito. “O Banco Central segue um roteiro, é quase um agente de inteligência artificial. O juro está alto demais; não merecíamos 15%. A taxa deve começar a cair em janeiro, mas o ritmo vai depender da política fiscal do próximo governo”, afirmou.
Sobre a disputa comercial com os Estados Unidos, Esteves considerou positiva a negociação que busca derrubar a sobretaxa de 50% imposta aos produtos brasileiros, mas ressaltou que o setor privado precisa reforçar seu papel na relevância geopolítica do país. “Temos que explicar como podemos ser importantes, provendo alimento e energia”, disse.
Imagem: redir.folha.com.br
Ele enxergou o momento como favorável ao Brasil em razão da oferta de energia verde e barata em meio ao avanço da inteligência artificial. “Não adianta querermos fabricar chips; nossa vocação é fornecer infraestrutura. Se jogarmos o jogo direito, podemos capturar essa necessidade global”, concluiu.