Aplicativo “Text With Jesus” permite troca de mensagens com figuras bíblicas e ganha adesão rápida

Los Angeles (EUA) – O aplicativo “Text With Jesus”, criado pela desenvolvedora Catloaf Software, alcançou milhares de usuários desde o lançamento ao possibilitar conversas via inteligência artificial com personagens bíblicos como Jesus e Moisés.

De acordo com Stéphane Peter, CEO da empresa, a maioria das pessoas chega à plataforma “por curiosidade” e vê no recurso uma forma acessível de explorar passagens da Bíblia. O executivo afirma que, apesar de críticas e acusações de blasfêmia, “a resposta tem sido majoritariamente positiva”.

Como funciona

A solução utiliza o modelo ChatGPT, da OpenAI, para gerar respostas que incluem citações literais das Escrituras. Em um exemplo exibido no app, o “Jesus” virtual responde a um usuário ansioso pelo trabalho com Filipenses 4:6: “Não andeis ansiosos por coisa alguma…”. Outro diálogo sobre gentileza traz Mateus 7:12: “Em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam”.

Além dos personagens bíblicos, a plataforma passou a oferecer “pastores” e “conselheiros espirituais” virtuais, pensados para esclarecer dúvidas sobre fé, texto sagrado ou questões pessoais.

Criador e histórico

Nascido na França e radicado nos Estados Unidos, Stéphane Peter já havia lançado ferramentas voltadas ao entretenimento, como “Text From the Founding Fathers” e “Text From Oscar Wilde”. A aposta no universo religioso começou com um aplicativo devocional estático, evoluindo para a versão conversacional atual.

Avaliação dos usuários

Na Apple App Store, “Text With Jesus” registra nota 4,7 em um total de 2,7 mil avaliações.

Reações e críticas

Setores religiosos questionam a legitimidade de um “Jesus” alimentado por IA. O editor Joel Berry, do site satírico The Babylon Bee, defendeu que a verdadeira sabedoria “só pode vir da Palavra de Deus”. Já o Vaticano alertou em junho, por meio do papa Leo XIV, que a inteligência artificial é “apenas uma ferramenta” e não deve ser confundida com conhecimento genuíno.

Imagem: Jasmine Baehr FOXBusiness via foxbusiness.com

Entre outras vozes contrárias, o ministro Ken Weliever classificou o aplicativo como blasfemo, enquanto James Spencer, presidente do Moody Center, avaliou que o chatbot “parece mais preocupado em oferecer respostas palatáveis ao século XXI do que em cumprir a Lei e os Profetas”.

Resposta da empresa

Peter reconhece a resistência, mas ressalta que o objetivo não é substituir a prática religiosa tradicional: “A IA não substitui a fé vivida, a comunidade ou o toque humano do ministério. Ela apenas reduz barreiras e desperta curiosidade”.

Nicho em expansão

O “Text With Jesus” integra um mercado crescente de soluções de fé baseadas em IA, que já conta com iniciativas como o “Deen Buddy”, para muçulmanos, e o “AI Buddha”, voltado ao budismo.

Com a popularização dessas ferramentas e o debate sobre seus limites, especialistas seguem divididos entre as potencialidades de engajamento religioso e o risco de banalização dos textos sagrados.