Os fundos de índice negociados em bolsa (ETFs) listados nos Estados Unidos já receberam entrada líquida de US$ 917 bilhões até 29 de setembro, segundo a FactSet. Se o ritmo se mantiver no quarto trimestre — período em que os aportes costumam ganhar força — o mercado registrará o segundo ano consecutivo de recorde de captação. Em 2024, os ETFs somaram US$ 1,1 trilhão em novos recursos.
O fluxo robusto tende a ganhar novo impulso após a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) ter indicado, em 30 de setembro, que concederá exemptive relief à Dimensional Fund Advisors para oferecer fundos com classes de cotas duplas. Na prática, a gestora poderá acrescentar uma classe de ETF a um fundo mútuo já existente.
De acordo com Gerard O’Reilly, co-CEO da Dimensional, a estrutura permitirá que investidores convertam cotas de fundos mútuos em cotas de ETF “de forma isenta de impostos”. Executivos do setor esperam que a SEC estenda a autorização a outras casas, o que pode incentivar a migração de patrimônio atualmente travado em fundos tradicionais.
A classe dupla foi criada e patenteada pela Vanguard no início dos anos 2000. Com o vencimento da patente em 2023, a Dimensional foi a primeira de várias gestoras a solicitar a aprovação regulatória.
O patrimônio total em ETFs nos EUA alcançou US$ 12,19 trilhões no fim de agosto, frente a US$ 10,35 trilhões em dezembro passado, de acordo com a ETFGI.
Entre os produtos que mais atraíram recursos em 2025 estão:
Juntos, esses três veículos concentraram quase US$ 140 bilhões em entradas líquidas até o fim de setembro — cerca de US$ 1 bilhão por dia útil.
Outro destaque é o iShares Bitcoin Trust ETF (IBIT), da BlackRock. Lançado no início de 2024, o fundo já captou cerca de US$ 24 bilhões, tornando-se o ETF de crescimento mais rápido da história e o quinto maior receptor de recursos no ano.
Imagem: Jack Pitcher Dow Jones Newswires via foxbusiness.com
Além dos fundos de índice tradicionais, segmentos considerados exóticos também avançam. Entre eles, produtos que combinam ações de large caps com venda de opções para gerar renda — caso da linha administrada pelo J.P. Morgan Asset Management — e os chamados fundos de proteção estruturada, que limitam perdas, mas também restringem ganhos.
“Estamos vendo cada vez mais assessores saindo da clássica carteira 60/40 para buscar estratégias alternativas, tanto por gestão de risco quanto por renda”, afirmou Matt Kaufman, responsável por ETFs na Calamos Investments.
Os ETFs ativos, beneficiados por uma mudança de regra da SEC em 2019, também avançam rapidamente. Em junho, o número de fundos ativos superou o de passivos pela primeira vez. Embora representem cerca de 10% do patrimônio total, capturaram 37% dos aportes acumulados até julho, segundo a Morningstar.
“Os fundos ativos oferecem ferramentas de customização que os clientes desejam”, disse Brett Sheely, chefe de especialistas em ETF na AllianceBernstein.
Com entradas bilionárias, inovação regulatória e demanda por estratégias diversificadas, o universo dos ETFs segue em franca expansão nos Estados Unidos.