Avanço de renda coloca mulheres brancas à frente de outros grupos nas últimas quatro décadas, aponta economista

Mercado Financeiro17 horas atrás8 pontos de vista

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Mulheres brancas foram o grupo que mais ganhou rendimento relativo no Brasil entre 1982 e 2020, afirma o economista Michael França, pesquisador do Insper. Segundo ele, a renda média desse segmento passou de 55% para 77% da obtida por homens brancos no período, resultado que ampliou a presença feminina branca entre o 1% mais rico do país.

Os dados fazem parte do livro Números da Discriminação Racial, organizado por França. O estudo mostra ainda que, embora os demais grupos também tenham melhorado, o ritmo foi mais lento. Homens negros saíram de 50% para 57% da renda dos homens brancos, enquanto mulheres negras avançaram de 25% para 46%.

Comparação de rendimentos (1982-2020)

1982: mulheres brancas 55%; homens negros 50%; mulheres negras 25%.

2000: mulheres brancas 67%; homens negros 50%; mulheres negras 34%.

2020: mulheres brancas 77%; homens negros 57%; mulheres negras 46%.

Para o pesquisador, a expansão educacional iniciada nas décadas de 1980 e 1990 beneficiou sobretudo as camadas médias urbanas, onde as mulheres brancas já possuíam maior acesso a escolas, universidades, recursos e redes de contato. Esse cenário, aliado à mudança nas normas de gênero, favoreceu a ascensão profissional desse grupo.

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Imagem: redir.folha.com.br

França observa que mulheres negras enfrentaram barreiras adicionais, como racismo, pobreza e sexismo. Fatores como padrões estéticos que privilegiam peles mais claras, acesso limitado a creches, saúde e transporte, além da sobrecarga de trabalho doméstico, restringiram oportunidades de progressão na carreira formal e empurraram muitas para a economia informal.

O economista destaca que o mercado de trabalho formal se abriu primeiro para quem já possuía algum nível de privilégio. “O privilégio no Brasil costuma ter ausência de cor”, diz, ao notar que o avanço de mulheres brancas não foi acompanhado pela mesma proporção de mulheres negras.

Apesar das disparidades, França reconhece que as conquistas femininas em geral são relevantes: mulheres brancas passaram a ocupar mais espaços na academia, no Judiciário, na medicina e em cargos executivos, chegando a postos como o Supremo Tribunal Federal e à Presidência da República. Contudo, ele alerta que o discurso de inclusão feminina como se fosse universal esconde a formação de uma elite feminina ainda predominantemente branca.

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