Especialistas apontam baixa diversificação e excesso de foco interno entre investidores brasileiros

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A mudança no cenário global de juros, que deixou para trás o período das taxas próximas de zero, trouxe de volta a discussão sobre a necessidade de diluir riscos fora do Brasil. Mesmo assim, profissionais do mercado avaliam que o investidor brasileiro continua pouco exposto a ativos internacionais e fortemente concentrado em papéis domésticos.

Debate durante a XP Global Conference 2025

O tema foi destaque no painel “Alocação Global em Foco”, realizado na XP Global Conference 2025. A conversa reuniu Daniel Popovich, portfolio manager da Franklin Templeton Investments, e Ana Madeira, economista-chefe no Brasil do Morgan Stanley, sob moderação de Artur Wichmann, CIO da XP e presidente do Comitê de Alocação da XP Advisory Brasil.

Por que diversificar?

Popovich classificou a diversificação como “o único almoço grátis” para quem investe, lembrando que os ativos de risco no País apresentam alta correlação entre si. Segundo ele, o “jogo mudou” com juros globais mais elevados, embora as taxas reais ainda estejam em patamar relativamente baixo. Nesse ambiente, a renda fixa volta a ganhar espaço, enquanto os prêmios de risco em high yield e ações permanecem comprimidos, com avaliações consideradas elevadas.

Sensibilidade maior ao risco fiscal

Os participantes chegaram a um consenso de que os mercados globais se tornaram menos tolerantes a desequilíbrios nas contas públicas. Popovich citou movimentos recentes em Japão, Reino Unido e França, onde dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida provocaram forte volatilidade nos títulos soberanos. Nos Estados Unidos, a discussão fiscal também se intensificou, principalmente nos Treasuries de 20 e 30 anos.

Ana Madeira observou que países emergentes convivem há mais tempo com a necessidade de disciplina fiscal, enquanto economias desenvolvidas teriam se “acostumado” ao impulso de gastos adotado na pandemia.

Desempenho do dólar e papel da IA

Outro ponto abordado foi a fraqueza do dólar em 2024, descrita por Wichmann como o pior resultado desde o fim do padrão-ouro. Apesar do recuo, os debatedores consideram que a moeda norte-americana mantém posição dominante no sistema financeiro internacional, respaldada pelo tamanho da economia dos EUA e por sua solidez institucional.

Para o futuro, a Inteligência Artificial desponta como fator capaz de alterar a dinâmica econômica. Ana Madeira disse que o Morgan Stanley já utiliza IA em seus modelos macroeconômicos, projetando ganhos de produtividade com menor pressão inflacionária. Os especialistas compararam o potencial transformador da tecnologia ao impacto da eletrificação no século passado.

No fim do encontro, Wichmann reforçou que a principal mensagem para o investidor brasileiro é ampliar o horizonte geográfico de investimentos, reduzindo a dependência exclusiva de ativos locais.

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