Investidores antigos de Bitcoin (BTC) que detêm grandes quantidades da moeda — conhecidos no mercado como “baleias” ou “OGs” — estão recorrendo à venda de calls cobertas e, com isso, exercendo forte pressão vendedora sobre o preço à vista do ativo. A avaliação é do analista de mercado Jeff Park.
Na operação de call coberta, o detentor da criptomoeda vende opções de compra (calls) que concedem ao comprador o direito, mas não a obrigação, de adquirir o BTC no futuro por um preço predeterminado. Em troca, o vendedor recebe um prêmio imediato.
Segundo Park, quando as baleias vendem essas opções, os market makers ficam do lado comprador dos contratos e precisam fazer hedge para neutralizar o risco. Esse hedge normalmente ocorre por meio da venda de Bitcoin no mercado à vista, movimento que amplia a pressão de venda e limita a alta do preço, mesmo com a demanda vinda dos fundos negociados em bolsa (ETFs).
O analista explica que os Bitcoins usados para lastrear as opções costumam estar em posse dos mesmos investidores há mais de dez anos, portanto não representam entrada de novo capital no mercado. “Quando você já tem o inventário de Bitcoin há uma década e vende calls sobre ele, apenas a venda das calls adiciona delta ao mercado — e essa delta é negativa”, afirmou Park. “Ao vender calls, você se torna um vendedor líquido de delta.”
Para Park, enquanto essas baleias continuarem a utilizar a estratégia para captar lucros de curto prazo, a ação de preço do BTC deverá permanecer volátil e sem tendência clara.
Ao longo da segunda metade de 2025, o Bitcoin se descolou do desempenho das ações de tecnologia: enquanto os índices acionários renovavam máximas, o BTC recuou para a faixa de US$ 90.000. Analistas divergem sobre os próximos movimentos.
Imagem: cointelegraph.com
Parte do mercado aposta que o criptoativo voltará a subir quando o Federal Reserve retomar o ciclo de cortes de juros e injetar liquidez no sistema financeiro, cenário considerado positivo para ativos de risco. De acordo com dados da ferramenta FedWatch, do CME Group, 24,4% dos operadores esperam novo corte na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) marcada para janeiro.
Outro grupo de analistas, porém, projeta uma possível queda até US$ 76.000 e avalia que o ciclo de alta iniciado anteriormente já pode ter chegado ao fim.
A cotação do Bitcoin mantinha-se ligeiramente acima dos US$ 90.000 na manhã desta terça-feira, refletindo o equilíbrio entre a retirada de oferta provocada pelos ETFs e a pressão vendedora gerada pelas calls cobertas das baleias.