O Banco Central da República Argentina (BCRA) avalia permitir que instituições financeiras convencionais negociem criptomoedas, sinalizando possível reversão da proibição em vigor desde maio de 2022. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (22) pelo jornal argentino La Nación, que citou fontes próximas ao regulador.
Em 5 de maio de 2022, o BCRA vetou a oferta de operações com ativos digitais por bancos logo após duas das maiores instituições do país anunciarem planos para incluir cripto em seus serviços. Na época, o banco central alegou riscos aos usuários e à estabilidade do sistema financeiro.
Segundo o La Nación, o órgão agora redige um novo conjunto de regras que detalhará como os bancos poderão atuar nesse mercado. As fontes não apontaram data para conclusão dos trabalhos, mas representantes de uma exchange local disseram acreditar que a medida poderia ser aprovada até abril de 2026.
A possível mudança acompanha outras iniciativas oficiais. Em meados de março, a Comissão Nacional de Valores (CNV) finalizou normas para prestadores de serviços de ativos virtuais, exigindo registro perante o regulador desde abril de 2024.
Grandes plataformas estrangeiras também avançaram no país. A Coinbase recebeu sinal verde para ampliar suas atividades em janeiro. Em outubro de 2024, a Binance informou que seus aplicativos web e móvel estavam totalmente disponíveis aos argentinos após registro como prestadora de serviços. Já a Bybit obteve autorização para operar em agosto de 2024.
Imagem: cointelegraph.com
Mesmo sob restrições, a adoção de criptomoedas segue em alta. Dados de julho de 2024 apontaram a Argentina como líder em uso de cripto na América Ocidental. Em outubro do mesmo ano, o país superou o Brasil em volume estimado de entrada de ativos digitais. Analistas atribuem o crescimento à forte desvalorização do peso e à inflação que alcançou cerca de 276%.
Antes dessa guinada, o BCRA endureceu o cerco em maio de 2023 ao proibir provedores de pagamento de oferecer transações com criptoativos, reforçando as limitações impostas às instituições financeiras formais.
Rumores sobre uma abertura maior circulam há meses entre exchanges, executivos de bancos e fontes regulatórias. Para o representante da exchange argentina Lemon ouvido pelo La Nación, um ecossistema financeiro mais aberto será decisivo para massificar o uso de criptoativos no país.