Londres, 21 de junho – O Banco da Inglaterra (BoE) abriu uma investigação sobre a crescente prática de financiar a construção de data centers como forma de investir indiretamente no mercado de inteligência artificial (IA).
A autoridade monetária britânica já vinha avaliando os riscos de uma eventual correção no valor de companhias de IA — cenário que o banco compara ao estouro da bolha das empresas de tecnologia no início dos anos 2000. Agora, concentra-se na relação entre essas empresas e os investidores que recorrem ao crédito para erguer infraestruturas de computação de alto desempenho.
Segundo a consultoria McKinsey & Co, serão necessários cerca de US$ 6,7 trilhões até 2030 para suprir a demanda energética voltada à IA, o que deve transformar os empréstimos a data centers em fonte essencial de financiamento. O BoE notou que, em vez de expandir quadros de funcionários, diversas empresas vêm direcionando capital para projetos bilionários de construção de centros de processamento de dados.
A escassez de ações “puras” de IA em bolsas e a falta de soluções em grande escala para tokenizar participações privadas em blockchain fizeram do crédito a data centers uma das poucas maneiras de apostar pesado no setor.
O Banco da Inglaterra alertou que, caso o volume de investimentos alavancados em IA e infraestrutura energética se concretize nesta década, os riscos para a estabilidade do sistema financeiro tendem a aumentar. O órgão prevê que bancos podem ficar expostos diretamente, por meio de empréstimos às empresas de IA, e indiretamente, ao conceder crédito a fundos privados e outras instituições vinculadas a esses ativos.
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A investigação pode resultar em novas barreiras regulatórias, o que afetaria os retornos desses financiamentos e o ritmo de inovação em IA. Paralelamente, o BoE enfrenta críticas do setor de criptoativos após propor um limite de 10.000 a 20.000 libras esterlinas (entre US$ 13.310 e US$ 26.620) para a posse individual de stablecoins. Grupos do segmento afirmam que a medida é restritiva, cara e difícil de implementar.
Embora o banco central tenha indicado que tal restrição não será permanente, instituições financeiras do país já adotam seus próprios controles: em pesquisa com 2.000 investidores em cripto, cerca de 40% relataram bloqueios ou atrasos de pagamentos destinados a provedores do setor.
O Banco da Inglaterra não informou prazo para concluir a análise sobre os empréstimos voltados a data centers.