São Paulo – O Banco do Brasil (BBAS3) prevê reduzir a fatia do lucro distribuída aos acionistas em 2025. A instituição informou que o payout estimado passou de 40%-45% para 30%, após a elevação da inadimplência, especialmente no agronegócio, e a consequente revisão das projeções de lucro.
Segundo executivos do banco, 2025 deve ser um dos períodos mais desafiadores da história recente da companhia. No encerramento de junho, a taxa de atraso superior a 90 dias no segmento agro alcançou 3,49%, ante 1,32% um ano antes, reflexo do excesso de chuvas no Sul e da seca no Nordeste.
A XP Investimentos cortou a estimativa de lucro líquido para 2025 a R$ 20,6 bilhões, 45% abaixo dos R$ 37,9 bilhões registrados em 2024. O retorno sobre patrimônio (ROE) projetado recua para 11%, nível próximo ao custo de capital próprio.
Com payout menor, o dividend yield (DY) esperado para 2025 fica em 4,8%, de acordo com a XP. Um investidor que aplique R$ 10 mil em BBAS3 teria rendimento bruto de cerca de R$ 480 no ano, valor isento de Imposto de Renda por se tratar de dividendos.
Para comparação, as corretoras projetam DY de 7,6% para Itaú Unibanco (ITUB4), 8% para Bradesco (BBDC4) e número semelhante para Santander (SANB11).
Entre as principais casas de análise, o BTG Pactual mantém recomendação neutra para BBAS3, com preço-alvo de R$ 23. A mesma postura é adotada pela Genial Investimentos, que vê a ação em R$ 22, e pela XP, que projeta R$ 25.
Imagem: REUTERS via infomoney.com.br
O Citi, contudo, revisou a recomendação de neutra para compra e fixou preço-alvo em R$ 29. O banco americano aponta que a Medida Provisória 1.314, assinada neste mês pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode diminuir o custo de risco e reforçar o capital do Banco do Brasil até 2026, além de considerar que o papel já precifica grande parte dos fatores negativos.
A medida autoriza o governo a utilizar superávit financeiro e recursos livres de instituições financeiras oficiais para liberar crédito extraordinário de R$ 12 bilhões a produtores rurais afetados por eventos climáticos.
O Banco do Brasil possui 1.292.918 acionistas pessoas físicas, o maior número da B3, que acompanham de perto o desempenho dos proventos em meio ao cenário de recuperação lenta e incerta, apontado por analistas.