BC estuda expor comissões de corretoras na venda de CDBs após caso Banco Master

Mercado Financeiro16 minutos atrás7 pontos de vista

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Brasília e São Paulo — O Banco Central avalia alterar normas para tornar público o valor pago pelos bancos a plataformas de investimento e assessores financeiros na distribuição de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e de letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA).

A iniciativa ganhou força depois de o Banco Master, que saiu da condição de instituição de pequeno porte há poucos anos, recorrer a uma linha de liquidez de aproximadamente R$ 4 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em maio. Caso o banco seja liquidado, o FGC poderá enfrentar a maior indenização de sua história, com cerca de R$ 50 bilhões garantidos e até 1 milhão de investidores a serem ressarcidos.

Mais transparência ao investidor

Segundo fonte que acompanha as discussões, a autoridade monetária quer que o cliente visualize de forma clara eventuais conflitos de interesse na oferta de papéis bancários. Hoje, quando um CDB é vendido, o banco emissor paga comissão tanto à plataforma quanto ao assessor financeiro, o que pode influenciar a recomendação do produto.

O desenho das novas regras se inspira na regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o mercado de capitais, em vigor há um ano, e leva em conta o arcabouço já existente para instituições financeiras, os diferentes modelos de distribuição e o porte dos bancos.

Comissões acima da média

No caso do Master, os CDBs chegaram a render 140% do CDI, enquanto outros bancos médios ofereciam em torno de 115%. E-mails enviados a clientes mostram que corretoras faziam cálculos para manter o aporte dentro do limite de R$ 250 mil coberto pelo FGC. As comissões pagas aos assessores superavam 4% do valor aplicado até o vencimento, índice bem superior ao máximo de 0,5% ao ano praticado em emissões mais curtas no restante do mercado.

Concentração de distribuição

Estimativas de mercado apontam que a XP detém aproximadamente R$ 30 bilhões em títulos do conglomerado Master, enquanto o BTG soma perto de R$ 6,6 bilhões. Juntas, as duas corretoras respondem por mais de 70% dos papéis cobertos pela garantia do FGC emitidos pelo banco controlado por Daniel Vorcaro.

A combinação de altas comissões com a ênfase na cobertura do FGC em campanhas de venda gerou desconforto entre participantes do setor, que defendem ajustes regulatórios. Há sugestões para que plataformas arquem com parte das perdas em eventuais quebras ou que sejam impostos limites de captação via esses canais — propostas que enfrentam resistência dentro do BC.

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Imagem: redir.folha.com.br

Impacto para o sistema financeiro

Se o Master não resistir, a maior fatia da conta ficará com Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Santander, maiores depositantes no FGC. XP e BTG também terão participação proporcional, pois emitem seus próprios CDBs.

Especialistas alertam que a dependência de plataformas para captar recursos pode trazer instabilidade a bancos médios: se essas empresas suspenderem a distribuição de papéis, a liquidez das instituições fica sob pressão.

Reforço no FGC a partir de 2026

Em agosto, o Banco Central já havia elevado para o dobro a alíquota de contribuição ao FGC de bancos que buscam captar volumes maiores usando a garantia do fundo. A regra passa a valer em 1º de junho de 2026 e foi considerada modesta por agentes de mercado.

Os estudos sobre a divulgação de comissões seguem em andamento e não há prazo definido para consulta pública ou implementação de novas exigências.

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