BDRs de empresas ligadas à mineração de metais estratégicos e à produção de componentes eletrônicos lideram os ganhos na B3 em 2024 até 31 de outubro, segundo levantamento da consultoria Quantum Finance. Nesse período, seis recibos de ações avançaram mais de 140%, superando com folga o desempenho das chamadas “Sete Magníficas”, grupo que reúne Nvidia, Alphabet, Microsoft, Meta, Tesla, Amazon e Apple.
MP Materials (M2PM34), especializada em terras raras, encabeça a lista com valorização de 243,73%. Em seguida aparecem a sul-africana Sibanye Stillwater (S1BS34), produtora de platina, paládio e ródio, com 181,35%, e a fabricante de baterias de lítio QuantumScape (Q2SC34), que sobe 174,31%.
Completam o grupo das maiores altas:
Outros BDRs que também superaram os retornos das gigantes de tecnologia foram TE Connectivity (T1EL34), com ganho de 128,47%, e Micron Technology (MUTC34), com 126,34%.
No mesmo intervalo, a Nvidia (NVDC34) avançou 27,72%, enquanto Alphabet (GOGL34) subiu 26,75% e Microsoft (MSFT34) teve alta de 5,06%. Meta Platforms (M1TA34) recuou 4,69%; Tesla (TSLA34), 4,70%; Amazon (AMZO34), 5,46%; e Apple (AAPL34) caiu 5,76%.
Para Marcos Praça, diretor de análise da Zero Markets Brasil, o fôlego menor das Big Techs reflete receios de uma possível bolha após a rápida disparada de 2023 e início de 2024. O real mais forte frente ao dólar — a moeda norte-americana acumula queda de 13% no ano — também pesou sobre os BDRs do setor.
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Mesmo descontado o efeito cambial, algumas companhias decepcionaram nos resultados do terceiro trimestre, aponta Praça. A Meta, por exemplo, viu o lucro líquido encolher 83%. Além disso, os planos bilionários de investimento em inteligência artificial elevam despesas e geram dúvidas sobre a sustentabilidade do crescimento, afirma o analista.
Já os BDRs que lideram os ganhos se beneficiam de movimentos específicos, como a valorização do ouro e a demanda por metais críticos para a transição energética e para a construção de datacenters. O setor de terras raras ganhou visibilidade após o governo chinês restringir exportações aos Estados Unidos, cenário que favoreceu MP Materials e outras fornecedoras fora da China.
Segundo Guilherme Morais, analista da VG Research, incentivos norte-americanos para reduzir a dependência de insumos chineses também impulsionaram as mineradoras de terras raras. Ele observa que a expectativa de consumo crescente de inteligência artificial mantém a procura por esses materiais em alta, embora o segmento ainda seja pouco acompanhado no Brasil.
Enquanto investidores questionam a capacidade das Big Techs de manter margens diante dos altos aportes em IA, companhias ligadas a commodities e componentes físicos — como baterias, memórias e discos rígidos — ganham espaço nos portfólios, conclui Praça.