Os principais grupos de tecnologia do mundo reforçaram os esquemas de proteção de seus dirigentes e destinaram, juntos, mais de US$ 45 milhões à segurança pessoal dos CEOs em 2024. Levantamento que abrange Meta, Google, Amazon, Nvidia, Palantir e outras cinco companhias indica alta superior a 10% em relação ao ano anterior.
Especialistas em proteção executiva atribuem o aumento à maior exposição política dos empresários do setor nos Estados Unidos e a episódios recentes de violência contra líderes corporativos. “Nunca vi o nível de ameaça tão elevado quanto agora”, afirmou James Hamilton, ex-agente do FBI e fundador da Hamilton Security.
Entre os casos citados estão o assassinato do CEO da United Healthcare, Brian Thompson, e o ataque que deixou quatro mortos em um prédio corporativo de Nova York no mês passado. Esses eventos, dizem consultores, levaram empresas a revisar protocolos e ampliar escoltas em residências e viagens.
A Meta continua como a companhia que mais investe em proteção. Em 2024, desembolsou US$ 27,1 milhões para garantir a segurança de Mark Zuckerberg e de seus familiares, montante acima dos US$ 24 milhões registrados em 2023.
O avanço expressivo das ações da Nvidia e a projeção pública de seu CEO, Jensen Huang, impulsionaram os custos da empresa com segurança para US$ 3,5 milhões em 2024, contra US$ 2,2 milhões no ano anterior. Já a Palantir reforçou o aparato de Alex Karp após ameaças ligadas a contratos militares e viu sua conta passar de US$ 2,5 milhões para US$ 2,9 milhões, segundo pessoas próximas.
Google, Amazon e outras gigantes também elevaram mais de 10% os orçamentos de proteção. Na Amazon, a companhia mantém desde 2010 cerca de US$ 1,6 milhão anuais para Jeff Bezos e destinou US$ 1,1 milhão ao atual CEO, Andy Jassy, em 2024, valor superior aos US$ 986 mil de 2023.
Elon Musk intensificou o esquema particular depois de relatar ameaças de morte. Segundo fontes, o empresário chega a viajar com 20 seguranças. A Tesla declarou gastos de US$ 2,4 milhões com proteção em 2023 e apenas US$ 500 mil em 2024, montante que, de acordo com a companhia, cobre apenas parte do custo real. Musk fundou no ano passado a Foundation Security para cuidar das operações.
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Nem todas as empresas aumentaram despesas. A Palo Alto Networks reduziu os custos com Nikesh Arora de US$ 3,5 milhões em 2023 para US$ 1,6 milhão em 2024, enquanto a Apple baixou o orçamento para Tim Cook de US$ 2,4 milhões para US$ 1,4 milhão no mesmo período.
O temor por ataques se espalhou para outros segmentos. CVS Pharmacy e Anthem Blue Cross Blue Shield retiraram fotos de executivos de seus sites, a Lockheed Martin determinou que o CEO viaje somente em jatos corporativos, e o JPMorgan elevou a conta de segurança de Jamie Dimon para US$ 882 mil em 2024.
Empresas de proteção relatam, além de ameaças físicas, casos de sequestro, invasões domiciliares e golpes com deepfakes de voz para desviar fundos. No universo de criptomoedas, a Coinbase gastou US$ 6,2 milhões para proteger Brian Armstrong em 2024 após tentativas de sequestro de executivos do setor.
Para Roderick Jones, fundador da Concentric, companhias que reúnem “alta visibilidade, grande base de acionistas e forte ressentimento público” enfrentam hoje um risco estrutural maior, o que tende a manter a conta de segurança em patamares elevados.