Bolsa tende a ganhar fôlego antes e depois de cortes na Selic; veja os setores que mais respondem

Estratégias de investimento3 dias atrás11 pontos de vista

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Os cortes na taxa básica de juros costumam impulsionar a bolsa de valores brasileira tanto no período que antecede a primeira redução quanto nos meses subsequentes, indica levantamento solicitado pelo InfoMoney à analista Bruna Sene, da Rico. O estudo avaliou os cinco últimos ciclos de afrouxamento monetário do Banco Central e mostrou que a maior parte da valorização ocorre antes do início formal dos cortes.

Histórico de 20 anos

Desde 2005, o Ibovespa registrou ganhos significativos nos 12 meses que precederam a primeira queda da Selic em quatro dos cinco ciclos analisados. Em 2005, por exemplo, o índice subiu 31,4% no ano anterior ao corte de 0,25 ponto percentual aprovado em 15 de setembro, que levou a taxa a 19,75% ao ano. Nos seis meses imediatamente anteriores, a alta foi de 6,4%. Depois da decisão, o indicador avançou mais 27,8% em seis meses e 23,1% em 12 meses.

Em 2016, o Ibovespa acumulou 35,7% nos 12 meses e 20,7% nos seis meses que antecederam o início do ciclo de flexibilização. Após o corte, registrou 19,6% em 12 meses, ainda que tenha ficado praticamente estável no primeiro semestre posterior (+0,5%). Já em 2023, houve elevação de 16,2% no período de 12 meses antes e de 11,1% nos seis meses anteriores; depois, os ganhos foram mais modestos (4,3% em 12 meses e 5,6% em seis meses).

Exceções de 2009 e 2011

A regra não se confirmou em 2009, quando a crise financeira global derrubou o Ibovespa em 30,1% nos 12 meses e em 33,7% nos seis meses que antecederam o corte de janeiro. A recuperação veio em seguida, com altas de 74,7% em 12 meses e 40,5% em seis meses. No ciclo iniciado em 2011, o movimento se inverteu: quedas de 13,3% e 14,6% antes da decisão e perda de 1,8% em 12 meses depois, embora tenha havido avanço de 13,5% nos seis meses posteriores.

Setores vencedores e perdedores

A pesquisa também mapeou quais segmentos do mercado acionário se destacaram em cada ciclo:

  • 2005-2008: commodities e bancos lideraram no início; varejo e construção ganharam força com a perspectiva de crédito mais barato.
  • 2009: praticamente todos os setores caíram antes do corte; depois, materiais básicos, construção e varejo puxaram a recuperação.
  • 2011: desaceleração econômica favoreceu utilities e setores defensivos; cíclicos continuaram pressionados.
  • 2016: small caps, consumo e construção dispararam antes do primeiro corte; posteriormente, materiais e small caps mantiveram o ritmo.
  • 2023: imobiliário e small caps lideraram no período prévio; após a decisão, apenas utilities ficaram no azul, enquanto consumo, construção e small caps cederam.

Expectativas para o próximo ciclo

Grande parte do mercado projeta o início de um novo ciclo de cortes em 2026. Até maio de 2025, o Ibovespa já acumula alta de 11%, aos 134.265 pontos, refletindo a antecipação dessa perspectiva. O assessor de investimentos Bruno Roccio, da Raro Investimentos, avalia que parte do movimento está precificada, mas vê espaço para mais ganhos se as reduções forem consistentes e acompanhadas de melhora fiscal.

Bruna Sene ressalta que esperar o anúncio oficial pode significar perder parte relevante da valorização. Para investidores com perfil compatível e horizonte de médio a longo prazo, entrar na bolsa antes do início do ciclo costuma ser estratégico, desde que a carteira seja diversificada. Roccio acrescenta que aportes regulares e disciplina são fundamentais para atravessar diferentes fases do mercado.

Embora o histórico aponte tendência de valorização, os analistas lembram que outros fatores — como ambiente externo, inflação e situação fiscal — também influenciam o desempenho dos ativos.

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