São Paulo, 13 out. 2025 – O mercado acionário da China registrou queda expressiva nesta segunda-feira, 13, depois que o governo dos Estados Unidos anunciou tarifas de 100% sobre produtos chineses e novos controles de exportação a partir de 1º de novembro.
Até o intervalo do almoço, o CSI300 – que reúne as blue chips de Xangai e Shenzhen – recuava 1,8%, enquanto o Shanghai Composite cedia 1,3%. Em Hong Kong, o índice Hang Seng perdia 3,5% e o Hang Seng Tech caía 4,5%.
Contrariando o movimento geral, o subíndice de terras raras avançou mais de 4% e renovou máxima histórica, refletindo sua posição no centro das tensões comerciais. Ações do setor de semicondutores também exibiram ganhos.
Na sexta-feira, o presidente norte-americano Donald Trump confirmou a elevação tarifária e restrições a softwares considerados críticos, em resposta à decisão de Pequim de limitar a venda externa de terras raras estratégicas.
“O presidente lembrou que ainda há muita incerteza para os mercados”, afirmou Ben Bennett, chefe de estratégia de investimentos para a Ásia da L&G Asset Management.
O indicador que mede a volatilidade esperada em 30 dias do Hang Seng saltou 30%, atingindo o maior patamar desde abril de 2025. Paralelamente, contratos futuros de títulos públicos chineses de dez anos subiram, sinalizando movimento em direção a ativos considerados seguros, e o yuan recuperou parte das perdas vistas após o anúncio norte-americano.
Operadores em Singapura e Xangai apontaram que a liquidez menor — Japão e Estados Unidos estavam fechados por feriado — ampliou as oscilações. Ainda assim, a percepção predominante é de que a correção não deve repetir o pânico observado em abril.
Wang Yapei, gestor de um fundo hedge em Xangai, aposta que a turbulência será passageira, pois Washington e Pequim tendem a retomar negociações diante do alto custo de um conflito prolongado.
Imagem: Reuters via moneytimes.com.br
Pequim classificou as novas tarifas como “hipocrisia”, mas ressaltou que seu controle de exportações não representa um bloqueio total e evitou impor novas medidas contra produtos dos EUA.
Para Hong Hao, diretor de investimentos da Lotus Asset Management, investidores podem migrar de papeis de crescimento para ações de valor. Já Charles Wang, presidente da Shenzhen Dragon Pacific Capital, avalia que a autoridade monetária chinesa deverá afrouxar ainda mais a política para sustentar o crescimento.
A China Merchants Securities vê setores ligados a inteligência artificial, robótica, defesa, fármacos inovadores e fabricação de chips como potenciais beneficiários da tensão geopolítica, enquanto a Xiangcai Securities aponta impacto negativo sobre exportadores de motores elétricos, equipamentos elétricos e reatores nucleares.
Muitos analistas, porém, consideram improvável a efetivação de tarifas de três dígitos. Relatório da Changjiang Securities descreve a medida como “tática de negociação” e relembra que, em situações anteriores, o presidente dos EUA acabou recuando.
Para Lu Ting, economista-chefe para a China no Nomura, choques econômico-comerciais entre as duas potências são inevitáveis, mas, no curto prazo, a interdependência mútua indica que o aumento de tensão serve sobretudo como posicionamento antes da reunião da APEC, na Coreia do Sul, prevista para o fim do mês, onde um encontro presencial entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping é considerado provável.
Em publicação nas redes sociais, Trump tentou suavizar o tom: “Os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la”. O comentário, contudo, não impediu a queda das bolsas asiáticas nesta segunda-feira.