O governo brasileiro confirmou o investimento de US$ 1 bilhão no Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF), iniciativa que pretende levantar US$ 125 bilhões para remunerar países que mantiverem suas florestas em pé.
O modelo prevê a aplicação do capital em títulos da dívida de mercados emergentes e outros ativos considerados de baixo risco. Os rendimentos obtidos financiarão pagamentos anuais de US$ 4 por hectare conservado. Se houver desmatamento, o país infrator perderá o benefício correspondente a 100 a 200 hectares por hectare destruído.
Do total distribuído, 20% dos recursos irão diretamente a povos indígenas e comunidades tradicionais. O restante ficará sob responsabilidade de cada governo participante, que decidirá como alocar o dinheiro em políticas de conservação.
O valor anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva compõe um fundo garantidor estimado em US$ 25 bilhões. Essa reserva pública cobre eventuais primeiras perdas e deve atrair até US$ 100 bilhões de capital privado. A expectativa é que o investimento retorne aos países doadores com rendimentos próximos às taxas de mercado.
O TFFF surge após duas décadas de críticas ao mecanismo REDD+, considerado lento e burocrático na distribuição de recursos para proteção florestal. A nova proposta busca simplificar pagamentos por resultados e diminuir a dependência de ciclos eleitorais de nações desenvolvidas.
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Especialistas apontam que a estratégia financeira, embora inovadora, envolve riscos semelhantes aos de operações especulativas, pois depende da diferença entre captação a juros mais baixos e aplicação em ativos mais rentáveis. Caso haja perdas significativas, parte do dinheiro público poderá ser comprometida.
O desenho final do fundo ainda será negociado nos meses que antecedem a COP30. Até lá, o governo brasileiro defende o TFFF como alternativa para destravar o financiamento de longo prazo destinado à preservação das florestas tropicais.