Legacy Capital alerta que Brasil corre risco de “semi-argentinização” sem ajuste fiscal profundo

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No evento Expert XP, realizado nesta sexta-feira (25), o economista-chefe e fundador da Legacy Capital, Pedro Jobim, afirmou que o Brasil pode repetir parte da trajetória vivida pela Argentina entre 2010 e 2023 se não promover um amplo programa de corte de gastos a partir de 2027.

Segundo o gestor, o mercado financeiro já trabalha com a possibilidade de um governo de perfil reformista assumir o Palácio do Planalto em 2027. A agenda desejada inclui congelamento do salário mínimo, novo teto de gastos, reforma da Previdência, privatizações, reforma administrativa e limites mais rígidos para as despesas da União.

Alerta de “semi-argentinização”

Jobim comparou o quadro doméstico ao período em que a economia argentina registrou crescimento médio de apenas 0,5% ao ano, inflação elevada e juros altos. No caso brasileiro, destacou, o regime de livre fluxo de capitais intensificaria a fuga de investidores, tornando o cenário ainda mais delicado.

Eleições de 2026 trazem incerteza

O executivo classificou como “arriscado” operar no mercado com base apenas no resultado das eleições de 2026. Para ele, embora as metas fiscais devam ser cumpridas em 2025 e 2026, a relação dívida/PIB já é alta e o Produto Interno Bruto deve crescer perto de 2,5% ao ano — ritmo considerado insuficiente para sustentar os encargos com juros.

Senso de urgência diferente entre mercado e sociedade

Solange Srour, diretora de macroeconomia para o Brasil no UBS Global Wealth Management, avaliou que nem a sociedade nem o ambiente político demonstram a mesma urgência percebida pelos investidores. Ela lembrou que o Congresso tem hoje mais poder que no passado, mas menor disposição para cortar despesas, o que pode dificultar a estabilização da dívida pública.

Imagem: valorinveste.globo.com

Srour acredita que um eventual novo governo pode gerar um pico de otimismo, porém a realidade fiscal deverá se impor logo em seguida. Jobim concordou que o processo será trabalhoso e acrescentou que, embora o mercado precifique parcialmente uma transição política em 2027, a melhora consistente dos preços de ativos dependerá de sinais mais claros sobre a adoção de reformas.

Com informações de Valor Investe