A indústria brasileira de café solúvel informou nesta sexta-feira (21) que prossegue, ao lado do governo Luiz Inácio Lula da Silva, nas tratativas para retirar a tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos ao produto.
O anúncio ocorreu um dia depois de o ex-presidente Donald Trump assinar ordem que aboliu o imposto de 40% sobre grãos de café verdes do Brasil. O café in natura já estava isento de uma tarifa recíproca de 10%, mas o solúvel permanece sujeito ao tributo integral.
De acordo com a Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), os EUA respondem por 20% das vendas externas brasileiras de café solúvel, movimentando cerca de US$ 200 milhões (R$ 1,07 bilhão) por ano. O setor gera divisas anuais de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,89 bilhões) e exporta mais de 4 milhões de sacas.
Para a entidade, a manutenção do imposto “inviabiliza a competitividade do produto brasileiro, favorecendo outras origens”. Em 2024, o Brasil respondeu por 38% das importações norte-americanas de café solúvel. Entretanto, com as tarifas em vigor, os EUA deixaram de liderar o ranking de destinos em outubro, superados pela Rússia pela primeira vez.
A Abics alerta para o risco de substituição definitiva do café solúvel brasileiro nas prateleiras norte-americanas. “Uma vez perdida essa fatia de mercado e a lealdade do consumidor, a recuperação futura será extremamente difícil, com perdas duradouras para toda a cadeia produtiva”, afirmou a associação em comunicado.
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A entidade classificou a decisão de Washington como um “revés” que contrasta com o avanço das negociações bilaterais, mas reiterou que segue “mobilizada em todas as frentes diplomáticas e comerciais” para obter a isenção total.
Já o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil e a BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais) celebraram a remoção das tarifas sobre o café verde.
Na Bolsa de Nova York, as cotações do café recuaram mais de 6% nesta sexta-feira, refletindo a expectativa da volta de maiores volumes do produto brasileiro ao mercado norte-americano. O Brasil, maior produtor e exportador mundial, fornece cerca de um terço do café importado pelos Estados Unidos.