Investidores vinculados às receitas de petróleo do Golfo Pérsico passaram a ter papel decisivo na liquidez do Bitcoin em 2025. O fluxo parte de fundos soberanos, escritórios familiares e redes de private banking, que escolhem produtos regulados — principalmente ETFs de Bitcoin à vista — para ganhar exposição ao criptoativo.
O movimento envolve três grupos principais:
• Fundos soberanos e entidades governamentais da região, que administram grandes volumes de capital.
• Investidores de altíssimo patrimônio e family offices, capazes de agir com mais rapidez que os fundos estatais.
• Gestoras e hedge funds internacionais que instalaram operações em Abu Dhabi e Dubai para se aproximar desses recursos.
A entrada ocorre por canais institucionais. Diferentemente de ciclos anteriores, marcados por alavancagem de varejo, o capital do Golfo aporta via ETFs de Bitcoin à vista, o que tende a estreitar os spreads, aprofundar livros de ordens e permitir negociações volumosas com menor impacto nos preços.
A capital dos Emirados Árabes Unidos consolidou-se como polo para ativos digitais. O Abu Dhabi Global Market (ADGM) oferece ambiente regulatório específico, atraindo corretoras, custodiantes, prime brokers e provedores de derivativos. A concentração desses serviços facilita fluxo bidirecional, fomenta atividades de hedge e contribui para preços mais ajustados.
No terceiro trimestre de 2025, o Abu Dhabi Investment Council elevou sua posição no iShares Bitcoin Trust (IBIT), da BlackRock, de cerca de 2,4 milhões para quase 8 milhões de cotas. Em 30 de setembro, o investimento estava avaliado em aproximadamente US$ 518 milhões.
Entre os fatores citados pelas gestoras do Golfo estão:
Imagem: cointelegraph.com
Diversificação de longo prazo — busca por temas de duração elevada e proteção de portfólio.
Demanda geracional — interesse crescente de herdeiros e jovens investidores de alta renda.
Infraestrutura própria — participação no desenvolvimento de bolsas, custódia e plataformas de derivativos na região.
Os ETFs à vista mantêm Bitcoin em custódia, sem recorrer a contratos futuros. Quando há captação líquida, participantes autorizados compram BTC no mercado à vista para criar novas cotas, ligando diretamente a demanda dos investidores à liquidez spot.
A presença de grandes gestores não elimina riscos. Em 18 de novembro de 2025, o IBIT registrou saída líquida recorde de cerca de US$ 523 milhões durante uma correção mais ampla do mercado cripto, provocada por realização de lucros e perda de momentum.
Embora a infraestrutura possibilite entradas volumosas, o mesmo mecanismo permite retiradas aceleradas sempre que a estratégia de alocação muda ou a volatilidade aumenta.