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Carregamento ultrarrápido avança e tenta pôr fim à “ansiedade de autonomia” dos carros elétricos

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Eliminar o receio de ficar sem bateria no meio da estrada é considerado decisivo para ampliar o uso de veículos elétricos. Montadoras apostam em novas tecnologias de carregamento que prometem encurtar a parada no posto a poucos minutos — tempo comparável ao abastecimento de um automóvel a combustão.

Como o carregamento ultrarrápido funciona

Carregadores domésticos tradicionais fornecem corrente alternada (CA), convertida em corrente contínua (CC) pelo circuito interno do carro. Os carregadores rápidos entregam CC diretamente à bateria, dispensando essa conversão e trabalhando em tensões mais altas, o que acelera o processo.

A chinesa BYD apresentou um sistema capaz de adicionar 400 km de alcance em cinco minutos. A empresa emprega baterias de fosfato de ferro e lítio, material menos suscetível a superaquecimento e com maior número de ciclos de recarga. O carregador Megawatt Flash, resfriado a líquido, atinge potência máxima de 1.360 kW, valor ainda distante dos equipamentos mais comuns nas ruas.

Potência dos carregadores

• Domésticos: 3 kW ou 7 kW, com recarga completa em até 12 horas.
• Rápidos (50 a 100 kW): 30 a 60 minutos para chegar a 80% da bateria, segundo a RAC britânica.
• Ultrarrápidos (100 a 350 kW): 15 a 30 minutos.
• Megawatt Flash da BYD: 1.360 kW, 400 km em cinco minutos (ainda limitado a redes piloto).

Vantagens e desafios

Carregar em poucos minutos torna viagens longas mais viáveis e pode acelerar a adoção de carros elétricos. Em contrapartida, tensões elevadas exigem reforço da infraestrutura elétrica, envolvem custos significativos e podem reduzir a vida útil de baterias de íons de lítio convencionais.

Abastecer lentamente em casa, normalmente à noite, continuará sendo a opção mais barata. Estações ultrarrápidas tendem a cobrar mais pela conveniência e podem pagar tarifas superiores de energia, embora a competição entre fornecedores deva pressionar valores para baixo no futuro.

Impacto climático depende da matriz elétrica

A troca de um carro a gasolina por um elétrico corta emissões equivalentes a quatro voos de ida e volta entre Londres e Barcelona, segundo a EDF. Contudo, o ganho ambiental do carregamento rápido ou lento varia conforme a participação de fontes renováveis na rede. Horários de baixa demanda — como a madrugada — costumam representar maior eficiência energética.

Disponibilidade de equipamentos

Os modelos da BYD que aceitam recarga em cinco minutos entraram em pré-venda depois da demonstração da tecnologia, em março. A companhia anunciou em junho que começará a instalar sua rede de carregadores na Europa. Concorrentes, como a Tesla, reduziram tempos de recarga, mas ainda operam a menos da metade da velocidade reivindicada pela BYD.

Carregamento ultrarrápido avança e tenta pôr fim à “ansiedade de autonomia” dos carros elétricos - Imagem do artigo original

Imagem: redir.folha.com.br

Dados da Agência Internacional de Energia (AIE) indicam que, em 2024, existiam cerca de 2 milhões de carregadores rápidos no mundo (acima de 22 kW) e mais de 150 mil ultrarrápidos (a partir de 150 kW). O custo de instalação desse último grupo caiu 20% desde 2022.

Quem ganha e quem perde

Montadoras que investiram cedo em carregamento ultrarrápido utilizam a inovação para se diferenciar. Após o anúncio da BYD, as ações da Tesla recuaram 5%. Já fabricantes tradicionais dos Estados Unidos e da Europa correm risco de perder espaço.

No cenário geopolítico, a China se destaca: respondeu por mais de 70% da produção global de veículos elétricos em 2024, segundo a AIE. BYD e CATL, ambas chinesas, lideram em carregamento rápido e baterias.

Recursos públicos e privados

Além de investimentos diretos das montadoras em pesquisa e em redes de recarga, governos destinam recursos à infraestrutura. A União Europeia reservou € 1 bilhão, no início de 2025, para instalar estações de alta potência para caminhões e ônibus elétricos. Nos Estados Unidos, a administração de Donald Trump reabriu em agosto um programa federal de US$ 5 bilhões, criado no mandato de Joe Biden, para financiar carregadores de alta velocidade nas rodovias.

Com a expansão dos equipamentos e a queda gradual nos custos, especialistas avaliam que o carregamento ultrarrápido pode reduzir significativamente a “ansiedade de autonomia”, ainda que o abastecimento noturno em casa permaneça a forma mais econômica de recarregar um veículo elétrico.

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