Walter Maciel, presidente da gestora AZ Quest, afirmou que o mercado acionário brasileiro tem potencial para uma valorização significativa, mas vem perdendo espaço na preferência dos investidores internacionais para Índia e China. A avaliação foi feita durante participação no podcast Stock Pickers.
Segundo o executivo, “o Brasil poderia atravessar uma grande transição e ver o risco do país diminuir de forma relevante”, caso aproveitasse melhor o cenário atual. Contudo, destacou que grandes fluxos de capital têm sido direcionados aos mercados indiano e chinês, considerados hoje os principais destinos entre as economias emergentes.
Maciel observou que a bolsa indiana se tornou “cara”, mas continua a receber investimentos devido ao avanço tecnológico do país e à vantagem competitiva do inglês como idioma amplamente falado. “O mundo busca novas histórias, e nós estamos perdendo essa oportunidade”, disse.
O gestor comparou a filosofia da casa a uma montadora reconhecida pela confiabilidade. “Precisamos ser a ‘Volvo’ das assets: veículo que não dá problema, sempre consistente, sem chamar atenção a todo momento”, definiu. A meta, explicou, é entregar performance de longo prazo, evitando posições oportunistas.
Maciel discordou de análises que colocam a China como substituta natural dos Estados Unidos na liderança econômica global. Para ele, a falta de moeda conversível, o fechamento do mercado e recentes intervenções no setor de educação dificultam esse protagonismo.
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Mesmo com a volatilidade recente, o CEO continua otimista com setores estratégicos do país, como infraestrutura, agronegócio e mercado imobiliário. Na renda fixa, apontou papéis que oferecem rendimentos entre 19% e 20% ao ano, livres de imposto, além de ações com altos dividendos mensais.
Na avaliação de Maciel, apenas após o carnaval o noticiário político deverá influenciar de forma decisiva o mercado financeiro. “Para causar efeito, a notícia precisa vir depois do carnaval”, afirmou. Até lá, recomendou manter carteiras mais conservadoras; a declaração foi dada em agosto.
Ao encerrar, o executivo reiterou que o Brasil possui “capacidade absurda” de valorização, mas precisa atrair novamente o interesse do investidor estrangeiro antes que novas oportunidades surjam em outros mercados emergentes.