O diretor-executivo do Google, Sundar Pichai, afirmou neste domingo que os Estados Unidos precisam estabelecer regras nacionais claras para a inteligência artificial (IA) a fim de manter competitividade diante da China.
Em entrevista ao programa “Fox News Sunday”, apresentado por Shannon Bream, Pichai alertou que mais de 1.000 projetos de lei sobre IA em tramitação nos legislativos estaduais podem criar um mosaico regulatório confuso e prejudicar empresas norte-americanas.
“Como lidar com regulações tão variadas e, ao mesmo tempo, competir com países como a China, que avançam rápido nessa tecnologia?”, questionou o executivo. Para ele, a solução passa por “equilibrar incentivo à inovação e criação de salvaguardas” em âmbito federal.
Pichai afirmou que governos e empresas de tecnologia devem fortalecer suas defesas e trabalhar em conjunto na elaboração de padrões internacionais que impeçam o uso bélico da IA. “Parte do trabalho cabe às companhias, ao melhorar seus produtos; parte cabe aos governos, ao estabelecer estruturas cooperativas de uso”, disse.
O executivo citou “grandes benefícios” da inteligência artificial, como o desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos contra câncer, mas reconheceu que as mesmas ferramentas podem ser exploradas por criminosos. “Qualquer tecnologia tem dois lados”, afirmou.
Imagem: Sophia Compton FOXBusiness via foxbusiness.com
Para combater ameaças, o Google tem usado IA de forma defensiva. Entre os recursos mencionados está o SynthID, criado pela DeepMind, capaz de identificar imagens e vídeos gerados por IA. Ele também comemorou uma decisão judicial obtida horas antes da entrevista, que favoreceu a empresa contra um operador de phishing responsável por atingir mais de 1 milhão de pessoas em mais de 100 países. “Da mesma forma que agentes mal-intencionados podem usar IA, nós também podemos utilizá-la para detectar essas operações”, declarou.
Pichai comentou ainda o projeto “Suncatcher”, iniciativa para construir data centers alimentados por energia solar no espaço. Segundo ele, “daqui a cerca de uma década” essa modalidade poderá ser vista como “forma normal” de implantação de centros de dados.
Questionado sobre se a IA estaria prejudicando o pensamento humano, o CEO relembrou debates semelhantes ocorridos há 25 anos, quando o Google Search foi criado. “A sociedade se adapta, e acredito que nossos dias de criatividade serão ainda mais ricos”, concluiu.