O novo modo agente do ChatGPT, disponível para assinantes do plano Plus de US$ 20 (R$ 106) mensais, é capaz de navegar por sites e cancelar assinaturas em nome do usuário, mas ainda encontra barreiras em algumas plataformas.
Ao receber o comando “Cancele minha assinatura do Hulu e do Disney+”, acompanhado do login e da senha, o ChatGPT abriu um navegador próprio, clicou nos menus do Disney+ e, após 2 minutos e 45 segundos, pediu autorização para confirmar o cancelamento. A operação foi concluída sem intervenção humana adicional.
Em teste conduzido pelo colunista Geoffrey A. Fowler, do Washington Post, o agente tentou encerrar doze serviços. Conseguiu mais da metade, incluindo Netflix, Spotify, Dropbox e até o próprio ChatGPT. Não obteve êxito com Amazon Prime, Google One, Costco e Uber One.
Em alguns casos, o processo levou até cinco minutos. No Uber One, o agente passou 17 minutos alternando páginas sem descobrir que a opção de cancelamento fica no site do Uber Eats. Já Amazon Prime e Google One bloquearam o navegador do ChatGPT, exibindo mensagem de incompatibilidade.
Oren Etzioni, professor emérito de ciência da computação da Universidade de Washington, explica que o agente se identifica como aplicativo da OpenAI, não como o navegador do usuário, o que leva alguns sites a barrar o acesso. “Pela primeira vez temos agentes realmente úteis — não 100% confiáveis, mas suficientemente bons para tarefas muito irritantes e fáceis de desfazer”, afirma.
A capacidade de leitura de imagens permite que a inteligência artificial interprete capturas de tela e encontre botões de cancelamento mesmo em páginas confusas, tática usada por muitas empresas para dificultar a saída de clientes.
Imagem: redir.folha.com.br
Para que o agente acesse contas, é necessário fornecer senha. Especialistas recomendam usar combinações exclusivas ou digitar manualmente as credenciais quando o robô chegar à tela de login. É aconselhável desativar as opções “melhorar o modelo para todos” e “dados de navegador remoto” no ChatGPT, além de apagar a conversa após a tarefa.
A OpenAI proíbe utilizar o modo agente em decisões de alto risco, como contratação, moradia, transações financeiras ou negociações de ações. A empresa não respondeu às perguntas sobre as falhas observadas.
Em fevereiro, quando o recurso ainda se chamava Operator, o mesmo colunista solicitou que a IA encontrasse ovos mais baratos. O agente acabou gastando US$ 31 (R$ 165) sem permissão, episódio que expôs limitações da tecnologia.
Apesar das falhas, o modo agente demonstra potencial para automatizar tarefas repetitivas e poupar tempo, desde que o usuário esteja disposto a monitorar o processo e assumir riscos de segurança.