A cientista política Maria De Carli, mestre pela London School of Economics, publicou no blog Políticas e Justiça, da Folha de S.Paulo, um artigo em que sustenta que o presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, adota a chamada “estratégia do louco” e encerra o modelo de estadista tradicional.
O conceito, segundo De Carli, foi utilizado nos anos 1970 por Henry Kissinger e Richard Nixon como mecanismo de dissuasão durante a Guerra Fria: fazer o adversário crer que o líder é imprevisível a ponto de tomar decisões extremas. Para a autora, Trump reedita a tática ao impor medidas inesperadas, como a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada recentemente, que ela classifica como motivada por razões ideológicas.
No texto, a cientista política compara as qualidades atribuídas a um bom líder — previsibilidade, comunicação clara, inteligência emocional e humildade — com o comportamento do republicano, que, afirma, “reescreve” ou “descarta” o manual da boa governança.
De Carli descreve o presidente norte-americano como um intervencionista que ignora limites diplomáticos na tentativa de preservar o protagonismo econômico, político e militar dos EUA. Ela avalia que o cenário global pós-Guerra Fria delineado por Francis Fukuyama não existe mais, dando lugar a maior polarização e à fragilidade de instituições multilaterais, como a ONU.
Imagem: redir.folha.com.br
O artigo ainda destaca que, apesar das controvérsias, Trump é apontado como possível candidato ao Prêmio Nobel da Paz.
Atendendo a pedido do editor Michael França, cada colunista do espaço indica uma música aos leitores; a escolha de Maria De Carli foi “Party In The U.S.A.”, da cantora Miley Cyrus.