A corretora de criptomoedas Coinbase iniciou no sábado, 9 de dezembro, uma grande migração de saldos para novos endereços sob seu controle. Segundo a empresa, a operação já estava programada e faz parte de uma prática de segurança destinada a reduzir a exposição de longo prazo decorrente do uso contínuo de carteiras públicas conhecidas.
Em comunicado, a companhia ressaltou que a mudança não foi motivada por violações de segurança nem por ameaças externas. “Migrar carteiras periodicamente é uma boa prática amplamente aceita que minimiza a exposição dos fundos. Trata-se de uma migração planejada e não relacionada a condições de mercado nem a incidentes de violação de dados”, informou a exchange.
Os registros em blockchain indicam que grandes volumes de Bitcoin (BTC), Ether (ETH) e outros ativos foram transferidos de endereços antigos da Coinbase para novas carteiras internas já identificadas por exploradores de blocos e plataformas de inteligência on-chain.
A companhia advertiu que golpistas podem tentar se passar por representantes da exchange durante o processo, pedindo credenciais de acesso ou solicitando que usuários enviem moedas para outros endereços — algo que a Coinbase afirma jamais fazer. O aviso reflete a necessidade de vigilância constante contra phishing, hacks e outros ataques cibernéticos no setor cripto.
Especialistas destacam que grandes saldos parados em um único ponto funcionam como “iscas” para hackers. Servidores centralizados, sistemas de informação e carteiras quentes conectadas à internet costumam ser alvos de invasões planejadas por meses.
Imagem: cointelegraph.com
O avanço de ferramentas de inteligência artificial amplia a capacidade de criminosos em reunir pistas públicas e metadados que podem comprometer chaves ou dados sensíveis, apontam analistas consultados pelo Cointelegraph.
Outro risco citado é o da computação quântica. De acordo com Gianluca Di Bella, pesquisador de contratos inteligentes e provas de conhecimento zero, agentes mal-intencionados podem estar arquivando chaves públicas de criptomoedas hoje para, no futuro, usar computadores quânticos capazes de derivar as chaves privadas em ataques do tipo “colher agora, quebrar depois”. Para o especialista, protocolos de criptografia precisam adotar padrões pós-quânticos o quanto antes para neutralizar essa ameaça potencial.
A Coinbase informou que todo o processo foi conduzido internamente e que os endereços de destino continuam sob sua custódia.