Condomínios erguidos há mais de três décadas tornaram-se os imóveis mais disputados no sul da Flórida. Um levantamento de julho da Miami REALTORS mostra que, em Miami-Dade, apartamentos em prédios com 30 anos ou mais permanecem, em média, 62 dias no mercado, enquanto unidades em edifícios com até 29 anos levam 79 dias para serem negociadas.
A principal explicação é a diferença de preço. Segundo o corretor Scott Diffenderfer, da Compass, um apartamento de 130 m² (dois quartos e dois banheiros) em prédio com menos de dez anos custa, em média, US$ 1,15 milhão. Em edifício antigo, o valor cai para US$ 505 mil — menos da metade.
Mesmo após reformas, a conta costuma continuar mais baixa. Um imóvel adquirido por US$ 700 mil que receba investimentos de US$ 300 mil ainda sai por cerca de US$ 1 milhão, contra aproximadamente US$ 2,5 milhões de um apartamento novo de tamanho semelhante em Miami Beach.
Desde janeiro, o chamado Condo 3.0 exige inspeções rigorosas, criação de fundos de reserva e execução de reparos estruturais em prédios antigos. Para Diffenderfer, a legislação trouxe confiança aos compradores após o colapso do Champlain Towers South, em Surfside, em junho de 2021, que deixou 98 mortos.
A escassez de terrenos em áreas valorizadas faz investidores voltarem-se a condomínios antigos. A BH Group, liderada por Alex Tukh, tem adquirido edifícios para demolição e posterior construção de torres de alto padrão. Segundo o executivo, muitos desses prédios ocupam pontos estratégicos onde o potencial de adensamento permitido pelas normas atuais é maior que o existente.
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O fluxo de novos moradores também impulsiona as vendas. Entre 2020 e 2024, a população da Flórida cresceu 8,2%, com cerca de 1,8 milhão de novos residentes. A região metropolitana Miami–Fort Lauderdale–West Palm Beach esteve entre as três que mais ganharam habitantes de 2022 para 2023, impulsionada principalmente pela migração internacional.
Para agentes do setor, condomínios mais antigos oferecem hoje a combinação de preço acessível, localização privilegiada e, graças às novas regras de segurança, maior tranquilidade aos compradores. Enquanto isso, incorporadoras veem nesses mesmos prédios a chance de renovar o horizonte urbano do sul da Flórida.