São Paulo — A realização da COP30 em Belém, prevista para 2025, deve repercutir diretamente nas carteiras de investimento dos brasileiros. Os compromissos climáticos assumidos durante a conferência afetam a forma como empresas buscam recursos e se adaptam à redução de emissões de gases de efeito estufa.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima reúne cerca de 200 nações por quase duas semanas para revisar avanços e estabelecer novas metas. Entre os temas centrais estão a diminuição de emissões e o financiamento da transição para uma economia de baixo carbono.
Com metas mais rígidas de descarbonização, setores produtivos precisarão adequar processos e tecnologias. Isso influencia o desempenho de empresas listadas na bolsa e de emissoras de títulos de dívida, como debêntures, certificados de recebíveis e letras de crédito.
Desde 2024, o debate na COP vai além das mudanças climáticas e se concentra em como captar recursos para a transição. Empresas buscarão o mercado de capitais para financiar projetos de mitigação — a redução efetiva de emissões — e de adaptação aos impactos climáticos já observados.
O mercado brasileiro dispõe de debêntures verdes e sustentáveis, CRAs, FIAGROs, FIIs e FIPEs para direcionar capital a iniciativas de baixo carbono. Há ainda o blended finance, que combina recursos públicos ou filantrópicos com capital privado para reduzir riscos e atrair investimentos em projetos sustentáveis, incluindo soluções baseadas na natureza e na bioeconomia.
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Regras específicas para fundos sustentáveis e que integram critérios ambientais, sociais e de governança (ASG) aumentam a comparabilidade entre produtos e reforçam a proteção do investidor. Essas medidas criam um ambiente mais seguro para a alocação de recursos em ativos vinculados à agenda climática.
A recente aprovação da taxonomia sustentável brasileira define indicadores para determinar se uma atividade contribui para os objetivos ambientais do país. O instrumento aprimora a transparência, facilita a análise de projetos e favorece investidores que procuram aplicações alinhadas a propósitos socioambientais.
Especialistas apontam que a COP30 consolida a posição do Brasil nas discussões globais sobre clima e pode direcionar fluxos financeiros da próxima década. Para o investidor, o movimento representa novos caminhos de diversificação e potencial de retorno, alinhados à necessidade crescente de adaptação e mitigação climática.