Correios cancelam pagamento de “vale-peru” de R$ 2.500 aos empregados em 2025

Mercado Financeiro3 horas atrás11 Visualizações

Brasília – Os Correios decidiram não repetir em 2025 o pagamento do crédito extra de fim de ano conhecido como “vale-peru”, benefício que no ano passado destinou R$ 2.500 a cada empregado da estatal.

A medida já foi comunicada aos trabalhadores. A empresa prorrogou a vigência do acordo coletivo de trabalho até 15 de dezembro, mas excluiu a cláusula que previa o abono.

Em 2024, o “vale-peru” consumiu cerca de R$ 200 milhões. O valor foi quitado em duas parcelas: R$ 1.000, liberados em setembro ou dezembro daquele ano, e R$ 1.500, pagos até o quinto dia útil de janeiro de 2025.

O acordo coletivo em vigor expirou em 31 de julho e vem sendo renovado sucessivamente porque, diante da crise financeira, a direção da estatal afirma não ter espaço para conceder reajuste salarial. O impasse levou o Sintect-SP (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Similares de São Paulo, Grande São Paulo e Sorocaba) a aprovar, na quinta-feira (4), indicativo de greve para 16 de dezembro, a partir das 22h.

Necessidade de R$ 20 bilhões até 2026

A companhia calcula precisar de R$ 20 bilhões até o fim de 2026 para executar seu plano de reestruturação, que engloba a quitação de dívidas com fornecedores e bancos, um novo programa de demissão voluntária para ao menos 10 mil empregados, além da reformulação de cargos, salários e do plano de saúde.

Para levantar os recursos, os Correios negociam um empréstimo com bancos públicos e privados, operação que requer garantia do Tesouro Nacional. O conselho de administração aprovou a contratação do crédito oferecido por Banco do Brasil, BTG Pactual, Citibank, ABC Brasil e Safra, mas o Tesouro recusou-se a conceder a garantia devido à taxa de juros: 136% do CDI (cerca de 20% ao ano), acima do teto de 120% do CDI (aproximadamente 18% ao ano) fixado para operações do tipo com prazo de dez anos.

Desde a suspensão do aval, anunciada em 2 de dezembro, a estatal tenta renegociar as condições, sem resultado definitivo até o momento.

Déficit crescente

Os Correios acumulam prejuízo de R$ 6,1 bilhões entre janeiro e setembro de 2025 e projetam encerrar o ano com perdas próximas de R$ 10 bilhões. Sem novos recursos, o rombo pode atingir R$ 20 bilhões em 2026. Em cenário extremo, as perdas poderiam chegar a R$ 70 bilhões em cinco anos, o que colocaria a empresa sob risco de falência e de demissões com elevado custo trabalhista.

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Imagem: redir.folha.com.br

Fatores da crise

Concorrência: o fim do monopólio sobre encomendas em 2009 reduziu a participação da estatal no mercado, hoje disputado por empresas privadas de logística.

“Taxa das blusinhas”: a cobrança de impostos sobre importações de até US$ 50 diminuiu a receita dos Correios, que perderam a exclusividade nesse serviço.

Despesas elevadas: em 2024, a empresa concedeu reajuste linear de 4,11% a mais de 55 mil empregados, voltou a pagar adicional de 70% sobre férias e realizou concurso para mais de 3.000 vagas, cujos aprovados ainda não foram convocados.

Redução de caixa: mesmo em dificuldade, a estatal investiu recursos próprios na compra de veículos elétricos e em tecnologia.

Plano de saúde: os Correios seguem responsáveis por todos os riscos da operadora. Em 2022, havia autorização para migrar ao regime de patrocínio, menos oneroso, mas a mudança foi revertida no atual governo.

Ações judiciais: falta de controle sobre processos, especialmente trabalhistas, resultou em ressalvas de auditoria independente e em gastos significativos com precatórios.

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