Washington, 29 ago. – Diversos serviços postais da Europa e da Ásia decidiram interromper o envio de encomendas aos Estados Unidos a partir desta quinta-feira (29) em razão do término da isenção tarifária para mercadorias de baixo valor, conhecida como regra do de minimis.
O benefício permitia que produtos avaliados em até US$ 800 chegassem ao território norte-americano sem pagamento de taxas alfandegárias. O governo do presidente Donald Trump anunciou o fim da exceção há algumas semanas, vinculando a medida ao combate à entrada de fentanil e outras drogas ilícitas escondidas em pacotes de pequeno porte.
A DHL, maior transportadora da Europa, informou em nota que a Deutsche Post e a DHL Parcel Germany “não poderão mais aceitar nem transportar encomendas contendo mercadorias de clientes empresariais destinadas aos EUA” com efeito imediato. Segundo a companhia, a restrição é temporária e se deve a “novos processos exigidos pelas autoridades norte-americanas para o serviço postal, diferentes dos regulamentos anteriormente vigentes”.
A empresa acrescentou que ainda não há definição sobre quem recolherá os novos impostos, quais dados adicionais serão exigidos e como essas informações serão transmitidas à Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP).
Além da Alemanha, os serviços postais de Dinamarca, Suécia, Itália, Áustria, França e Bélgica comunicaram pausas semelhantes. No Reino Unido, o Royal Mail também suspendeu temporariamente as remessas, afirmando trabalhar com autoridades norte-americanas “para adaptar os serviços às novas exigências”.
Na Ásia, Singapura e Tailândia decidiram segurar os envios enquanto aguardam esclarecimentos sobre as regras. A Thailand Post ressaltou que o fim do limite “retira a facilidade que permitia a entrada tranquila de milhões de pacotes de baixo valor nos EUA”. A Australia Post bloqueou o trânsito de parte das encomendas destinadas ao mercado norte-americano.
Imagem: Brie Stimson FOXBusiness via foxbusiness.com
Os EUA eliminaram a isenção de minimis para encomendas vindas da China em maio. Segundo a Casa Branca, muitos remetentes chineses ocultavam substâncias ilegais, inclusive opioides sintéticos, em pacotes de baixo valor para explorar a regra. Dados citados pelo governo indicam que o volume anual de remessas enquadradas no benefício saltou de 134 milhões em 2015 para 1,34 bilhão em 2024.
A isenção também favorecia varejistas on-line de fast fashion sediados na China, como Temu e Shein, que despacham diretamente aos consumidores norte-americanos.
Até o momento, a Casa Branca não se pronunciou sobre os impactos da suspensão dos envios por parte dos serviços postais estrangeiros.