Brasília – A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos estuda repassar parte de seu patrimônio imobiliário à Emgea (Empresa Gestora de Ativos), estatal responsável por administrar créditos da Caixa Econômica Federal, a fim de obter recursos imediatos e agilizar a venda desses bens.
Três pessoas envolvidas nas conversas confirmaram que a operação pode compor o plano de reestruturação dos Correios, etapa considerada essencial para viabilizar a contratação de empréstimos de R$ 20 bilhões destinados a manter o fôlego financeiro da companhia em 2025 e 2026.
Desde 30 de outubro, executivos das duas empresas discutem o modelo. A proposta prevê:
Os imóveis em uso avaliados entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões são o foco inicial. A estatal ainda precisa selecionar os ativos e classificá-los por atratividade antes de definir a arrecadação potencial no curto prazo.
Criada em 2001, a Emgea administra créditos do FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais). Em 2024, recebeu R$ 5,1 bilhões em créditos do fundo; no primeiro semestre de 2025, outros R$ 1,6 bilhão. A empresa encerrou junho com caixa de R$ 2,6 bilhões, montante que pode ser usado no acordo com os Correios.
Paralelamente, os Correios analisam, com apoio da Caixa, a criação de um fundo imobiliário. Nesse modelo, os imóveis ociosos seriam vendidos a investidores, ou ainda realizados em regime de sale-leaseback, no qual a estatal continuaria ocupando os prédios mediante pagamento de aluguel, transferindo a terceiros gastos de manutenção.
Imagem: redir.folha.com.br
A meta é fechar os detalhes do plano de reestruturação em até duas semanas, mesmo prazo estabelecido para a nova rodada de negociações do empréstimo de R$ 20 bilhões. Na primeira tentativa, um sindicato formado por Banco do Brasil, BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil aceitou conceder o crédito, mas com juros considerados altos. O relançamento da operação busca atrair mais bancos e reduzir o custo da dívida.
Em nota, os Correios informaram que o plano de reestruturação prevê “programa de desinvestimento de ativos que hoje não têm uso ótimo” e que a carteira imobiliária passa por avaliação. A Emgea não comentou.
A expectativa de participantes das tratativas é concluir a estruturação da operação com a Emgea até o início de 2026.