São Paulo — A turbulência financeira de 2008 quase levou o sistema econômico mundial ao colapso e, 15 anos depois, investidores podem estar repetindo erros semelhantes, avalia Lucas Collazo, especialista em investimentos e apresentador do podcast Stock Pickers.
Collazo lembra que, à época, “o mundo esteve a uma hora de um colapso total”. Em setembro de 2008, o Lehman Brothers, um dos bancos mais antigos dos Estados Unidos, declarou falência, desencadeando pânico nos mercados globais. Três palavras dominaram o noticiário: pânico, desemprego e recessão.
O especialista explica que a crise teve origem nos financiamentos de alto risco, os chamados subprimes. Bancos concediam crédito a clientes sem capacidade de pagamento, depois empacotavam essas dívidas em títulos conhecidos como CDOs. Agências de classificação de risco atribuíam notas de investimento seguro a esses papéis, que se provaram insustentáveis.
Para conter o desastre, o governo dos Estados Unidos aprovou um pacote emergencial de US$ 700 bilhões. Mesmo assim, milhões de famílias perderam casas e empregos, enquanto trilhões de dólares desapareceram dos mercados.
Alguns investidores perceberam a bolha antes do estouro. Michael Burry apostou contra o mercado imobiliário e foi chamado de “louco”. Steve Eisman e Greg Lippmann seguiram o mesmo caminho, história retratada no filme “A Grande Aposta”.
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A decisão do então secretário do Tesouro, Henry Paulson, de não socorrer o Lehman Brothers quase derrubou todo o sistema financeiro. O Federal Reserve respondeu com cortes agressivos nos juros e forte injeção de liquidez. Anos depois, o ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, admitiu no Congresso que confiava demais na autorregulação dos mercados.
Para Collazo, o mercado continua suscetível a ciclos de euforia. Ele cita a valorização de Bitcoin, o boom de startups bilionárias e o entusiasmo recente com inteligência artificial como sinais de possíveis novas bolhas. “Quem avisa antes é ignorado, mas o custo pode ser alto, como em 2008”, afirma.
O especialista conclui que as cicatrizes da crise permanecem, e a principal questão agora é descobrir qual será o próximo estopim.