São Paulo – A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou, na noite de 8 de julho, o credenciamento da fintech SL Tools como mercado de balcão organizado para títulos de crédito privado. A licença, aguardada há quase quatro décadas desde a criação da antiga Cetip em 1986, permitirá a negociação eletrônica de debêntures, Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e outros papéis.
Segundo o fundador e CEO, André Duvivier, a plataforma “está 100% pronta” e aguarda apenas a publicação da ata com a instrução operacional para iniciar as operações. A autorização foi concedida pelo presidente da CVM, João Pedro Nascimento, pela diretora Marina Copola e pelo colegiado da autarquia.
O estoque de crédito privado no Brasil soma cerca de R$ 6 trilhões. Entre janeiro e maio deste ano, as emissões alcançaram R$ 246,4 bilhões. Em 2024, o setor já captou R$ 783,4 bilhões, sendo R$ 473,7 bilhões em debêntures, de acordo com dados da Anbima. No mercado secundário, o volume negociado de debêntures atingiu R$ 707,6 bilhões, alta de 59,2% sobre 2023.
A SL Tools projeta que a liquidez desses papéis possa crescer até cinco vezes, aproximando-se proporcionalmente ao giro diário da renda variável, que negocia cerca de R$ 29 bilhões, contra os atuais R$ 2 bilhões do crédito privado.
Em julho, a empresa já havia liberado negociações de CDBs, Letras Financeiras, LCAs, LCIs e LIGs. Agora, com o aval da CVM, serão incluídos debêntures, CRAs e CRIs em um ambiente que conecta preços e clearing em tempo real. Instituições financeiras poderão integrar a plataforma via API e repassar cotações dinâmicas aos clientes de varejo.
Fernanda Crivelenti, head de renda fixa, destaca que o número de tickers passou de 30, há 15 anos, para os atuais 10 mil. “É inviável continuar distribuindo planilhas para negociar”, afirma.
Imagem: neofeed.com.br
Criada por Duvivier, ex-trader da Merrill Lynch e Bank of America, e por Ricardo Miraglia, ex-Bovespa, a SL Tools opera há sete anos. A companhia reúne mais de 100 instituições, incluindo grandes bancos nacionais e estrangeiros. Em fevereiro de 2024, entrou no mercado secundário de títulos públicos, até então dominado pela Cetip Trader, movimentando de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões por dia.
Entre os investidores da fintech estão o chairman da JiveMauá, Luiz Fernando Figueiredo, o fundo 2TM, do Mercado Bitcoin, e a Parallax Ventures. A direção afirma que a licença da CVM elimina riscos regulatórios e abre caminho para a expansão planejada para o segundo semestre.
Com informações de NeoFeed