Debate sobre o fim do ciclo de quatro anos do Bitcoin se intensifica após queda de 30%

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O modelo de preço do Bitcoin baseado em ciclos de quatro anos — definido pelo halving, evento que reduz pela metade a recompensa dos mineradores — está sob escrutínio no mercado. A discussão voltou à tona depois de a criptomoeda acumular recuo superior a 30% desde o recorde registrado em outubro e caminhar para o pior desempenho mensal em três anos.

Como funciona o ciclo de quatro anos

Desde a criação do Bitcoin, investidores observaram um padrão: o preço atinge um fundo cerca de 75 a 77 semanas antes do halving, registra nova máxima entre 75 e 77 semanas após o evento e, no mesmo intervalo, volta a marcar o menor nível do ciclo seguinte.

Em abril de 2015, por exemplo, o Bitcoin valia aproximados US$ 230, considerado o piso daquele ciclo. Exatas 77 semanas depois ocorreu o halving. Outras 77 semanas se passaram e, em novembro de 2017, a criptomoeda chegou a US$ 13.880, então recorde histórico. Os dois ciclos seguintes repetiram o intervalo de 75 semanas.

O halving mais recente aconteceu em 19 de abril de 2024. Setenta e cinco semanas antes dessa data, o ativo registrou o menor preço do ciclo. Caso o padrão fosse mantido, o topo teria surgido 76 semanas após o halving, em 6 de outubro, com cotação projetada de US$ 126 mil.

Novo cenário, novas variáveis

O atual bear market levantou dúvidas sobre a continuidade do padrão. Julián Colombo, diretor sênior de Políticas Públicas e Estratégia para a América do Sul na Bitso, afirma que o ciclo ainda existe, mas perdeu força diante de um mercado mais profissionalizado e influenciado por fatores macroeconômicos e fluxos de investidores institucionais.

Paulo Aragão, economista e apresentador do podcast Giro Bitcoin, concorda. Segundo ele, a dinâmica de preço agora inclui ETFs de cripto, grandes fundos e maior correlação com a liquidez global, elementos que transformam — mas não eliminam — o ciclo.

Para Sarah Uska, analista de criptoativos do Bitybank, o padrão de quatro anos está ultrapassado. Ela destaca que a entrada de gestoras, bancos, fundos e até governos tornou a demanda mais constante e regulada, reduzindo a influência do halving sobre a formação de preço. Além disso, a atenção dos investidores às decisões de bancos centrais, especialmente o Federal Reserve, passou a pesar mais nas cotações.

Halving continua relevante?

André Franco, CEO da Boost Research, vê o halving como um marco técnico com forte apelo psicológico, ainda que menos determinante do que no passado. Colombo acrescenta que a redução estrutural da oferta seguirá relevante e que o efeito mental do evento deve continuar a impactar o mercado, embora de forma mais moderada.

Na avaliação de Colombo, a eventual ruptura do padrão de previsibilidade pode ser benéfica: “A previsibilidade absoluta incentiva movimentos especulativos baseados apenas no calendário e atrapalha a eficiente descoberta de preços”.

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