São Paulo — A Deloitte, administradora judicial do Grupo VGB, protocolou na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça de São Paulo um pedido para que a companhia comprove a quitação de dívidas previstas em seu plano de recuperação e apresente evidências de precatórios supostamente destinados ao pagamento de credores.
O requerimento foi feito após a Deloitte solicitar a conversão da recuperação judicial em falência, pedido negado pela Justiça. Nos autos, as obrigações da dona das grifes de moda Siberian e Crawford somam R$ 255,7 milhões.
De acordo com o processo, a administradora identificou 286 trabalhadores com parcelas em atraso. A empresa apresentou comprovação de apenas 20 pagamentos, alegando possuir informações bancárias incompletas dos demais empregados.
A Deloitte informou que registrará nos autos todos os valores já quitados para monitorar o cumprimento das obrigações trabalhistas.
A administradora também cobrou certidões negativas referentes a tributos federais. O Grupo VGB declarou estar em negociação com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, porém não anexou documentos que confirmem avanços nas tratativas.
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No âmbito estadual, a Deloitte questionou a ausência de adesão da companhia ao Acordo Paulista, reaberto em 2024 para renegociação de débitos. Segundo a administradora, o VGB tem ciência da necessidade de regularizar o passivo desde agosto de 2023, mas não apresentou justificativa convincente para a inércia.
O plano de recuperação prevê a utilização de R$ 25,7 milhões em precatórios para abater dívidas, inclusive R$ 3,3 milhões devidos à própria Deloitte. A União, porém, solicitou a penhora desses valores, o que coloca em dúvida a disponibilidade do montante para quitar os credores.
A reportagem buscou posicionamento do Grupo VGB, mas os advogados listados no processo informaram ter renunciado à causa.