Investidores reforçam aposta fora dos EUA após tarifas de Trump e custos da IA provocarem rotação global

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O ano de 2025 foi marcado por forte instabilidade nos mercados globais, gerada pelo aumento de tarifas de importação decretado pelo presidente Donald Trump e pela disputa comercial com a China. O movimento, aliado à perda de fôlego das gigantes de tecnologia diante dos altos investimentos em Inteligência Artificial (IA), levou investidores a reduzir a exposição ao dólar e a procurar ativos em outras praças, impulsionando bolsas de países emergentes e pressionando a moeda norte-americana.

Mesmo assim, os principais índices de Nova York fecharam o período em alta: o S&P 500 acumulou ganho de 15 % e o Nasdaq, de 19 %.

Mineração e hardware lideram BDRs

Na B3, os recibos de ações estrangeiras (BDRs) refletiram a mudança de rota. Segundo a Economatica, até 17 de dezembro os dez maiores desempenhos em reais pertenciam, em sua maioria, a empresas de mineração, ouro e equipamentos para IA:

Sibanye Stillwater (+281,35 %), Western Digital (+268,13 %), Gold Fields (+208,46 %), Arrowhead Pharmaceuticals (+207,52 %), MP Materials (+193,28 %), Seagate (+187,35 %), Micron (+146,30 %), Newmont (+143,61 %), Warner Bros. Discovery (+130,70 %) e Santander (+130,38 %).

Grandes nomes divididos

Entre companhias de maior capitalização, Citigroup foi destaque, com valorização de 42,45 %, enquanto o BDR da Alphabet subiu 36,75 %. A queda do dólar pesou sobre papéis como Amazon (-11,23 %) e Meta (-2,08 %).

Visão da XP Invest

Para Raphael “Rafi” Figueiredo, estrategista da XP Invest, o “Liberation Day” das tarifas acelerou a retirada de recursos dos EUA. A corretora reduziu a fatia em ações americanas no início do ano e aumentou a de emergentes; agora, a posição em EUA passou de “Abaixo do Neutro” para “Neutro”, com atenção redobrada às empresas de IA. A casa segue “Neutro” para Europa e Reino Unido, “Acima do Neutro” para China e emergentes e “Abaixo do Neutro” para Japão.

Na carteira Top Ações Globais de novembro, Astrazeneca, JP Morgan e Microsoft têm 10 % cada, enquanto Amazon, ASML, Baidu e Citi carregam 7,5 %.

Estrategistas do Itaú BBA

Nicholas McCarthy, diretor global de estratégia, prevê apenas um corte de juros pelo Federal Reserve em 2026, contra dois estimados pelo mercado. O banco ampliou o peso de ações de emergentes — sobretudo asiáticas — e de empresas de crescimento fora dos EUA, ao mesmo tempo em que vê mais retorno no crédito corporativo norte-americano (High Yield, rendimento próximo a 6,5 %) do que nos Treasuries (3,5 %).

Com o dólar mais fraco, as bolsas de emergentes subiram mais de 30 % em dólar; o Ibovespa, quase 45 %; a Europa, 23 %; e o Japão, perto de 28 %. Já Wall Street avançou 15 %. A parcela dos recursos do Itaú BBA fora dos EUA saltou de 20 % para 30 % em 2025.

UBS Global Wealth Management

Ronaldo Patah, head de estratégia no Brasil, mantém recomendação de compra para bolsas — principalmente a americana — e aposta que a “revolução da IA” sustentará crescimento de vendas e lucros nos próximos cinco anos. Ele também sugere exposição a tecnologia chinesa e a índices europeus, emergentes e asiáticos (ex-Japão). Diversificação cambial e posição em commodities, como ouro, prata e minério de ferro, também estão no radar.

O UBS projeta o S&P 500 em 7.700 pontos em 2026, alta de quase 15 % sobre o nível atual, sustentada por lucros 8 % maiores e juros mais baixos sem recessão.

Bradesco Asset

Rodrigo Santoro, head de ações, lembra que a performance de 2025 ficou concentrada em gigantes de IA, como Nvidia (+36 % em dólar) e Alphabet (+60 %). Para 2026, ele continua confiante em Google e Nvidia, mas vê potencial ainda maior nos mercados emergentes, favorecidos pela política monetária dos EUA.

Alerta da Ailos

Já Vagner Franceschi, especialista do Sistema Ailos, espera duas reduções de juros pelo Fed, levando a taxa básica a 3 % ao ano. Para o investidor brasileiro, o executivo recomenda exposição internacional moderada, por causa da diferença de juros entre Brasil e EUA e da possibilidade de nova desvalorização do dólar, o que pode corroer parte dos ganhos.

Com juros menores nos Estados Unidos e ganhos expressivos fora de Wall Street, analistas concordam que a diversificação geográfica seguirá no centro das estratégias em 2026.

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