O dólar iniciou os negócios desta terça-feira (9) em valorização moderada, reflexo da cautela dos investidores diante da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência em 2026 e das decisões de política monetária que serão conhecidas na quarta-feira (10).
Às 9h04, a moeda norte-americana subia 0,17%, cotada a R$ 5,4314. No pregão anterior, o câmbio recuou 0,24%, para R$ 5,420, enquanto o Ibovespa avançou 0,39%, encerrando a sessão em 157.985 pontos.
A volatilidade ganhou força desde sexta-feira (6), quando Flávio Bolsonaro anunciou que pretende disputar o Planalto. Naquele dia, o benchmark da Bolsa despencou mais de 4% e o dólar saltou cerca de 2%.
No fim de semana, porém, o parlamentar afirmou que pode desistir da corrida “por um preço”. Segundo ele, abriria mão da candidatura caso o ex-presidente Jair Bolsonaro esteja “livre, nas urnas” e ocorra anistia aos condenados pelos atos golpistas de 6 de janeiro de 2023. “Eu tenho preço para não ir até o fim”, declarou após participar de um culto em Brasília.
Para Milena Landgraf, sócia da Jubarte Capital, o recuo sinalizado sugere que o anúncio teve caráter tático. “Com as informações do fim de semana, ficou a impressão de que Flávio não levará a candidatura adiante e busca negociar a anistia”, disse.
Essa leitura devolve protagonismo ao governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), preferido do mercado para representar a direita em 2026. O próprio senador classificou Tarcísio como “peça fundamental” na eleição.
Na avaliação de Alison Correia, cofundador da Dom Investimentos, o investidor evita assumir posições arriscadas até que o cenário eleitoral fique mais claro: “É um compasso de espera”.
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Parte dos analistas atribui a forte oscilação de sexta-feira também ao acúmulo recente de ganhos do real e da Bolsa. “Após altas consecutivas, o mercado ficou mais sensível e investidores preferiram reduzir exposição”, explicou Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad.
Além disso, dezembro concentra o envio de recursos ao exterior para pagamento de dividendos, o que costuma pressionar o dólar, lembram profissionais como Teles.
As incertezas eleitorais obscurecem dois eventos centrais desta semana: as reuniões do Federal Reserve e do Copom. No mercado americano, 89,6% das apostas apontam para novo corte de 0,25 ponto percentual, mantendo a taxa entre 3,50% e 3,75%, enquanto 10,4% preveem manutenção do intervalo atual de 3,75% a 4%.
Já no Brasil, a expectativa consensual é de manutenção da Selic em 15% ao final de 2025, com sinalização de possível início do ciclo de redução em 2026. As apostas se dividem entre janeiro e março para o primeiro corte.
O diferencial de juros segue determinante para o câmbio. Quando a taxa americana cai e a brasileira permanece elevada, a estratégia de carry trade — tomar capital onde os rendimentos são menores e aplicar onde são maiores — favorece o real ao aumentar a entrada de recursos no país.