A inflação dos alimentos, que alcançou 8,8% ao ano em dezembro de 2024, recuou de forma consistente ao longo de 2025. Entre outubro de 2024 e maio deste ano, o indicador permaneceu na faixa de 7% a 8%, mas fechou 2025 abaixo de 2% na prévia do IPCA-15 e deve ficar um pouco acima de 1% na leitura final do IPCA, a ser divulgada em janeiro.
Especialistas atribuem a queda a uma combinação de fatores:
Na comparação com um grupo de seis moedas relevantes (euro, iene, dólar canadense, franco suíço, libra e coroa sueca), o dólar teve em 2025 a maior desvalorização desde 2017. No Brasil, a cotação média passou de R$ 6,10 em dezembro de 2024 para R$ 6,02 em janeiro de 2025 e para R$ 5,43 em dezembro. Analistas calculam que cerca de dois terços da valorização do real no período decorrem do enfraquecimento global da moeda norte-americana; o restante está ligado a fatores domésticos.
Apesar da melhora, o real segue desvalorizado em relação ao patamar anterior à pandemia, no início de 2020. Riscos fiscais e a incerteza eleitoral de 2026 são apontados como obstáculos a uma apreciação mais forte.
O índice de preços de alimentos da FAO, que havia subido 7,8% em fevereiro, mostrou queda de 2,1% em novembro. Já o IPCA deve encerrar 2025 em torno de 4,3%, segundo projeções de consultorias.
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A alta do custo de vida no início do ano afetou a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A oposição explorou o tema, inclusive com boatos sobre possível taxação do Pix. Com a desaceleração da inflação, a pressão política diminuiu, mas analistas avaliam que nova disparada de preços poderia exigir juros ainda mais altos em 2026, ano de eleições gerais.
Para aliviar o orçamento das famílias, o governo reduziu tarifas de importação de diversos alimentos, inclusive sardinha em lata. A medida complementou o efeito do câmbio e dos juros sobre os preços internos.
Com o fim de 2025 marcado por inflação mais baixa e dólar em queda, o impacto combinado desses fatores é considerado decisivo para a trégua nos preços que ajudou a sustentar o governo federal no segundo semestre.