O dólar iniciou os negócios desta terça-feira (9) praticamente inalterado, refletindo a expectativa dos investidores pela continuidade do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Às 9h05, a moeda norte-americana avançava 0,03%, cotada a R$ 5,4194. Na véspera, o câmbio encerrara com leve alta de 0,04%, a R$ 5,417, em sessão de agenda econômica esvaziada. O Ibovespa, por sua vez, recuou 0,59% e fechou aos 141.791 pontos, depois de ter ultrapassado os 142 mil pontos pela primeira vez na sexta-feira (5).
Empresas ligadas a petróleo e minério de ferro tiveram desempenho positivo na segunda-feira (8), impulsionadas pela valorização dessas matérias-primas no exterior. Ainda assim, o movimento não foi suficiente para evitar a queda do principal índice da B3.
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a combinação de críticas de parlamentares ao Judiciário durante as celebrações de 7 de Setembro, a carta do governo brasileiro aos Brics contra o protecionismo dos Estados Unidos e informações sobre exigências adicionais de Washington a bancos quanto à Lei Magnitsky pesaram sobre os ativos locais.
Já Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, atribui parte da baixa na Bolsa a uma realização de lucros, após o forte avanço registrado na sexta-feira anterior.
O resultado desfavorável ao presidente argentino, Javier Milei, nas eleições legislativas teve efeito limitado sobre o Ibovespa, segundo analistas. A Ágora Investimentos mantém expectativa de continuidade da tendência de alta, com alvo em 145.800 pontos.
Lilian Linhares, da Rio Negro Family Office, lembra que o otimismo recente se apoia na perspectiva de cortes de juros nos Estados Unidos, reforçada por dados de emprego abaixo do previsto divulgados na semana passada.
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Investidores monitoram ainda a divulgação de índices de inflação nos EUA, que pode influenciar a decisão do Federal Reserve marcada para 17 de setembro. O payroll de agosto mostrou criação de 22 mil vagas, bem abaixo da mediana de 75 mil estimada pela Reuters, enquanto a taxa de desemprego ficou em 4,3%, em linha com as projeções.
Leonel Mattos, da StoneX, avalia que os números reforçam a possibilidade de início de um ciclo mais acelerado de cortes de juros pelo banco central americano nos próximos meses. Para Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, esse cenário tende a favorecer o fluxo para renda variável tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
No front político, a Primeira Turma do STF retoma nesta terça-feira o julgamento que envolve Bolsonaro e outros acusados. O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, apresentará seu voto, evento considerado relevante pelos agentes econômicos.
Combinados, esses fatores devem ditar o rumo do dólar e dos mercados locais ao longo do dia.