São Paulo – O economista Danilo Ferreira, doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), afirma que a fragilidade da educação básica e a desigualdade racial estão entre os principais entraves ao avanço econômico do Brasil desde a década de 1980.
Em artigo publicado na seção “Políticas e Justiça” da Folha de S. Paulo, Ferreira lembra que o país registra crescimento baixo há mais de 40 anos — com raros períodos de prosperidade em comparação a outras nações emergentes. Segundo o autor, especialistas costumam defender soluções como reformas econômicas, investimentos em infraestrutura, estímulos à indústria, inovação tecnológica e elevação da produtividade. Para ele, porém, a qualidade do ensino fundamental e médio permanece “frequentemente negligenciada”.
O economista sustenta que estudantes que concluem a escola com sérias deficiências em leitura e matemática enfrentam dificuldade para desenvolver novas habilidades, ocupar empregos mais complexos e, portanto, contribuir para a geração de riqueza. “A conta é simples”, escreve.
Ferreira ressalta que o problema se agrava no Brasil devido à desigualdade racial. De acordo com o autor, jovens negros e negras, em média, convivem com escolas precarizadas, falta de recursos, professores desmotivados e episódios de preconceito, fatores que prejudicam desempenho e perspectivas de futuro.
Para o docente, impedir que parte da população tenha acesso a um ensino de qualidade limita o potencial de crescimento e reforça injustiças históricas. Ele defende que a economia brasileira depende da inclusão plena desses jovens em estratégias de expansão, argumentando que não haverá inovação, competitividade nem prosperidade sustentável enquanto barreiras raciais determinarem o acesso a oportunidades.
Imagem: redir.folha.com.br
Ferreira conclui que reconhecer o papel do jovem negro no desenvolvimento do país é um compromisso social “urgente, inadiável e inegociável”. Segundo o economista, além de políticas públicas afirmativas, é necessário mudar a forma como a sociedade valoriza essa parcela da população.
Atendendo a um pedido do editor Michael França, o autor sugere a música “Uprising”, de Matthew Bellamy, como trilha para os leitores.