Brasília – A Empresa Gestora de Ativos (Emgea) discute com o Ministério da Fazenda o repasse de até R$ 2,5 bilhões em dividendos extraordinários ao Tesouro Nacional, informou o presidente da estatal, Fernando Pimentel.
Segundo Pimentel, a companhia pretende manter parte desse montante para investimentos próprios e para apoiar financeiramente os Correios, que enfrentam crise de caixa.
Os Correios necessitam de aproximadamente R$ 20 bilhões e negociam empréstimo com bancos públicos e privados. O financiamento depende de aval do Tesouro, que teria de assumir o papel de fiador.
A Emgea estuda adquirir imóveis da empresa de entregas e reuni-los em um fundo imobiliário. “Vamos pegar essa carteira dos Correios e criar um fundo com os imóveis que vierem”, disse Pimentel. O valor total dos bens não deve ultrapassar R$ 1 bilhão.
Pelo formato proposto, a Emgea pagaria cerca de um terço do preço ao receber as propriedades, manteria os ativos por até um ano para venda e, conforme os imóveis fossem alienados, recuperaria o adiantamento. A iniciativa, segundo Pimentel, evitaria a venda “na bacia das almas” e garantiria taxa de administração à estatal.
Em nota, o Tesouro afirmou que eventuais dividendos de estatais seguem os marcos legais e o equilíbrio econômico-financeiro das empresas, compondo o esforço fiscal do governo central.
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Criada em 2001 para administrar créditos habitacionais da Caixa em inadimplência, a Emgea registra melhora de caixa. Relatório do Tesouro divulgado duas semanas atrás apontou redução do risco de necessidade de aportes públicos, após histórico de dificuldades.
Em 2024, a estatal recebeu R$ 5 bilhões em créditos do Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS), dos quais R$ 3,5 bilhões foram usados para quitar dívidas com o FGTS, garantidas pela União.
A companhia estuda novos negócios, como parcerias público-privadas e tokenização de ativos, e negocia contrato com a bolsa B3 para avaliação de propriedades. Também prepara acordo de cooperação técnica com empresas de cobrança para reforçar a recuperação de créditos.
As conversas sobre dividendos e apoio aos Correios ainda estão em estágio inicial. “Primeiro, é preciso avaliar se é bom para a União”, destacou Pimentel.