As companhias brasileiras captaram R$ 19,7 bilhões por meio de debêntures incentivadas em setembro, resultado 114% superior ao registrado em agosto, quando o volume somou R$ 9,2 bilhões. Parte dessas colocações foi adquirida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), caso da emissão ligada à concessão Rodovia Noroeste Paulista.
O crescimento ocorre em meio à indefinição sobre a manutenção da isenção de Imposto de Renda para pessoa física a partir de 2026. A discussão gira em torno da Medida Provisória 1.303/25. Embora o texto original prevesse o fim do benefício, o parecer do relator, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), preservou a vantagem fiscal para debêntures de infraestrutura, além de CRIs e CRAs.
As debêntures incentivadas também ficaram fora do chamado imposto mínimo para alta renda incluído no projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda, aprovado pela Câmara dos Deputados em 1º de novembro. A proposta ainda será analisada pelo Senado.
Já as emissões de debêntures tradicionais totalizaram R$ 47,5 bilhões no mês, alta de 33% em relação a agosto. Entre as maiores operações aparecem Rede D’Or (R$ 2,74 bilhões), Aegea (R$ 2,78 bilhões), Energisa S.A. (R$ 3,65 bilhões) e a própria Rodovia Noroeste Paulista, que captou R$ 3,9 bilhões via BNDES.
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O forte fluxo para papéis com incentivo fiscal pressionou os spreads de crédito, sobretudo nos títulos de melhor classificação de risco (AAA). Nos papéis de infraestrutura isentos, o spread médio atingiu mínimas históricas, aproximando-se de –60 pontos-base em relação às NTN-B de referência.
No mercado de debêntures atreladas ao CDI, o spread médio também encolheu, refletindo principalmente o fechamento observado nos títulos da Cosan após o anúncio de aumento de capital. Sem esse efeito, os spreads permaneceram praticamente estáveis em setembro.