Washington — Empresários brasileiros reuniram-se na tarde desta quarta-feira (3) com Christopher Landau, vice-chefe do Departamento de Estado dos Estados Unidos, para tratar das sobretaxas impostas a produtos do Brasil.
Segundo duas fontes que acompanharam a conversa, Landau afirmou que o governo norte-americano está aberto ao diálogo, mas destacou que as tarifas — um adicional de 40% — têm origem política. Por essa razão, acrescentou, o tema será conduzido pelo Departamento de Estado, e não pelos Departamentos do Tesouro ou do Comércio.
O diplomata referiu-se ao decreto assinado pelo ex-presidente Donald Trump, que justificou a medida alegando uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Washington vem pressionando por um gesto de apoio a Bolsonaro, julgado nesta semana pelo Supremo Tribunal Federal sob acusação de tentar impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a derrota eleitoral.
De acordo com um interlocutor próximo aos norte-americanos, Landau sugeriu que a missão empresarial concentre esforços junto ao governo brasileiro para sensibilizá-lo. Ele reforçou que os motivos da sobretaxa estão detalhados no decreto de Trump, que menciona suposta perseguição a Bolsonaro.
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Landau reiterou que os EUA estão dispostos a discutir o assunto com Brasília, mas pretende abordar o componente político da retaliação comercial — ponto que o presidente Lula (PT) já disse não pretender tratar, limitando-se às questões estritamente comerciais.
A delegação brasileira em Washington é liderada por Antonio Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e mantém agenda na capital norte-americana até o fim da semana.