Quase dois terços dos líderes de negócios de rápido crescimento no Reino Unido afirmam que o governo britânico adota uma postura contrária ao setor privado, segundo levantamento divulgado nesta sexta-feira (semana de referência) pela Helm, comunidade que reúne fundadores de empresas em expansão.
O estudo aponta que 63% dos empreendedores consultados veem o governo liderado pelo primeiro-ministro Keir Starmer, do Partido Trabalhista, como “antinegócios”. Nenhum dos participantes declarou intenção de votar nos trabalhistas, enquanto apenas 6% indicaram preferência pelo Partido Conservador; 58% permanecem indecisos.
De acordo com Andreas Adamides, diretor-executivo da Helm, a expectativa de aumento na contribuição previdenciária patronal (National Insurance) desestimulou planos de contratação relatados há um ano. “Quando ficou claro que a alíquota subiria, a intenção de ampliar equipes foi abandonada”, afirmou.
Dados oficiais mostram deterioração nas contas públicas. No segundo trimestre deste ano, o déficit primário — diferença entre arrecadação e gastos, sem incluir juros da dívida — chegou a 16,8%, mais que o dobro do registrado no quarto trimestre do ano passado e o pior resultado desde o segundo trimestre de 2023.
Alan Mendoza, diretor da Henry Jackson Society, avalia que o ambiente “persistentemente negativo” não favorece o investimento. Ele também critica a falta de clareza sobre o próximo orçamento, em especial rumores de que a chanceler do Tesouro, Rachel Reeves, possa elevar impostos e descumprir promessas de campanha.
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No mesmo período, o fluxo de Investimento Direto Estrangeiro (FDI) nos Estados Unidos cresceu US$ 83 bilhões, enquanto o Reino Unido registrou retração de 5,6 milhões de libras (US$ 7,3 milhões), segundo a plataforma Trading Economics. Mendoza atribui parte dessa disparidade ao discurso pró-negócios do presidente norte-americano Donald Trump.
Além das incertezas econômicas, Adamides ressalta a pressão sobre fundadores que costumam investir patrimônio próprio sem garantia de aposentadoria. Ele relatou ter testemunhado o suicídio de um empresário que, após 20 anos de trabalho, perdeu a casa e a companhia.
Pedidos de comentário enviados ao gabinete da chanceler Rachel Reeves não foram respondidos até o fechamento desta edição.