Londres – Reunidos na capital britânica nesta sexta-feira (31) para um encontro promovido pelo Lide, grupo empresarial comandado por João Doria, empresários e executivos brasileiros interromperam a pauta de transição energética e inclusão financeira para discutir a escalada da violência no Brasil após a operação policial que resultou em mais de cem mortes no Rio de Janeiro.
José Batista Júnior, da família controladora da J&F, afirmou que o setor produtivo precisa de garantias de segurança para investir e produzir. Segundo ele, cabe ao governo federal atuar “com firmeza” na área.
Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central e hoje vice-chairman e chefe global de políticas públicas do Nubank, destacou que a chamada inteligência financeira pode se tornar ferramenta essencial contra o crime organizado.
O presidente da Loterj, Hazenclever Cançado, elogiou a condução do governador fluminense Cláudio Castro (PL) na operação, classificando a gestão como “firme e destemida”.
Presente ao encontro, o ex-presidente Michel Temer defendeu a recriação de um ministério específico para segurança pública, estrutura que existiu entre 2016 e 2018, durante seu mandato, e depois voltou a integrar o Ministério da Justiça. Para Temer, a divisão atual dificulta uma ação coordenada contra facções que ultrapassam fronteiras estaduais e até nacionais.
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João Doria, que governou São Paulo entre 2019 e 2022, disse apoiar a iniciativa de Castro, mas observou que o diálogo com o governo federal deve ser ampliado. Ele também considerou que setores como o de combustíveis sentem de forma mais aguda a presença do crime organizado, mas o impacto é geral na economia.
O encontro do Lide terminou com apelos por investimentos em tecnologia, integração de dados e maior cooperação entre União, estados e iniciativa privada para enfrentar a criminalidade.