A menos de 60 dias do início da nova legislação fiscal, 83% das pequenas e médias empresas brasileiras declaram ter pouco ou nenhum conhecimento sobre a reforma tributária, e 72% ainda não deram qualquer passo na adaptação. Os dados constam de um levantamento da plataforma de gestão financeira Conta Azul, realizado entre 27 de agosto e 11 de setembro com 1.600 empresários, contadores e profissionais de finanças em todo o país.
Entre os MEIs (Microempreendedores Individuais), 45,9% afirmam desconhecer totalmente as mudanças e 43,3% dizem ter apenas noções básicas. Nas microempresas (MEs), a proporção de desconhecimento cai para 35,6%, enquanto 48% relatam conhecimento superficial. Já em médias e grandes companhias, 27,7% não sabem nada sobre a reforma e 49,5% limitam-se ao entendimento inicial.
Somente 9% das empresas contam com um plano ativo de adequação, e apenas 3% dos entrevistados se consideram preparados em nível avançado. Quando analisado o porte, o quadro se agrava:
Para 38% dos entrevistados, a reforma tem efeito negativo ou muito negativo; 53% mantêm posição neutra; apenas 9% veem as mudanças como positivas. Entre os receios apontados, destacam-se:
As áreas internas que mais preocupam são precificação (53%), gestão financeira (21%) e cumprimento de obrigações acessórias (14%).
A partir de 2026, as notas fiscais eletrônicas deverão incluir campos específicos para o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e para a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). Os dois tributos substituirão os atuais impostos sobre consumo e, no primeiro momento, funcionarão paralelamente ao sistema vigente, exigindo ajustes técnicos e estruturais.
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Segundo Vinicius Roveda, CEO da Conta Azul, o estudo evidencia a desconexão entre o debate técnico e a realidade dos pequenos negócios. “Há baixa preparação, pouco conhecimento e grande demanda por orientação prática e tecnológica”, afirma.
Outro levantamento, da Thomson Reuters, indica que 35% das grandes corporações já se encontram em estágio avançado de preparação, 30% em nível intermediário e 35% ainda nos passos iniciais.
De acordo com o Mapa de Empresas do governo federal, mais de 90% das pessoas jurídicas no país são micro ou pequenas, o que reforça a urgência de ações de capacitação antes da chegada do novo modelo tributário.