Especialista defende “direito micelial” e questiona novo foco da ONU em paz e segurança

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Rio de Janeiro – Em artigo publicado no espaço “Políticas e Justiça”, da Folha de S.Paulo, a pesquisadora Valéria Tavares de Sant’Anna, mestre em sustentabilidade pela PUC-Rio e consultora do Pacto Global da ONU, propõe a adoção do chamado “direito micelial” como resposta à crise ecológica e institucional do Antropoceno.

Conceito inspirado nos micélios

Segundo Tavares, o “direito micelial” se inspira nas redes subterrâneas de fungos que conectam e sustentam ecossistemas. A ideia desloca o foco da norma para a interdependência entre seres e ambientes, privilegiando a “escuta” dos processos naturais em vez de comandos centralizados. A jurista afirma que o modelo atual, centrado na figura do sujeito proprietário e na soberania estatal, é insuficiente para enfrentar o colapso ambiental.

Papel das Nações Unidas

No texto, a especialista reconhece a relevância da ONU, mas considera que a organização ainda não é plenamente eficaz para lidar com os desafios globais. Ela relembra que, durante a Cúpula do Futuro, líderes revisitaram a Agenda 2030, lançada em 2015, e apresentaram três instrumentos:

Pacto para o Futuro

Pacto Digital Global, primeira estrutura de cooperação digital e governança da inteligência artificial

Declaração sobre Futuras Gerações, que sugere mecanismos concretos para representar pessoas que ainda não nasceram

Crítica ao redirecionamento das ODS

Tavares aponta preocupação com a mudança de ênfase do Pacto para o Futuro, que coloca paz e segurança à frente da erradicação da pobreza e da fome. Para ela, a alteração compromete avanços em justiça social e preservação ambiental.

Especialista defende “direito micelial” e questiona novo foco da ONU em paz e segurança - Imagem do artigo original

Imagem: redir.folha.com.br

Multilateralismo em xeque

A autora questiona a eficácia do multilateralismo, que, em sua avaliação, se transformou em “simulacro” de cooperação, marcado por discursos extensos e ações limitadas. Ela associa a destruição ambiental à violência direta, reforçada por processos de militarização e avanço tecnológico.

Chamada à “insurreição silenciosa”

O artigo conclui defendendo uma transformação guiada pela “escuta” — postura ética que incluiria as gerações futuras nas decisões presentes. Como parte da iniciativa editorial do blog, Tavares indicou a canção “Estrela do Mar”, de Dalva de Oliveira, aos leitores.

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